Entre os dias 03 e 11 de março, os trabalhadores da Petrobrás terão a chance de eleger um representante que de fato represente a nossa categoria no Conselho de Administração da empresa. No primeiro turno da eleição, Danilo Silva (1001), candidato apoiado pela FUP e seus sindicatos, conquistou 4181 votos, garantindo o primeiro lugar na preferência dos petroleiros. Agora, é fundamental que os trabalhadores recuperem sua voz no principal órgão decisório da estatal, elegendo quem de fato tem compromisso com a defesa do Sistema Petrobrás, dos empregos, do desenvolvimento e da soberania nacional.
Lutar para retomar a engenharia, que foi desmontada pelo projeto entreguista do atual governo e dos gestores da companhia, é um dos compromissos de Danilo. “Toda a engenharia brasileira de produção de sondas, embarcações, sistemas de produção de petróleo, entre outras, foi desmontada e deu lugar ao processo de importação ou geração de emprego em outras partes do mundo, ignorando por completo a necessidade nacional de crescimento e geração de riqueza”, destaca o petroleiro em seu blog.
“A Petrobrás deve ser uma empresa rentável, mas que tenha compromisso com o povo brasileiro”, afirma Danilo, lembrando que “agora é hora de unidade de ação”. “Não temos espaço para vacilo ou ainda para tergiversar sobre sexo angelical. Resistir é a nossa mais importante tarefa no presente, para que possamos sonhar com um futuro de empregos e renda para nossos filhos e todo o povo brasileiro”, declara.
Engenharia nacional está desmontada
Tendo como pressuposto o mar de lama em que vivemos, a Petrobrás vem sendo destruída e a engenharia nacional desmontada. A ideia central defendida pelo establishment é de que vivemos em um país de corrupção generalizada e que a nossa empresa é integralmente corrupta. Por mais que a corrupção no Brasil seja de fato um grande problema, o que está por trás dessa lógica é o desmonte da indústria brasileira e de nossa capacidade de geração de valor interno. Se olharmos bem o que aconteceu na Petrobrás, podemos identificar que uma pequena parcela de seus empregados foram os agentes corruptores e corrompidos. Generalizar isso é jogar no lixo a história dos trabalhadores e trabalhadoras que construíram essa empresa!
A nossa companhia era o centro de uma política industrial nacional que buscava integrar toda a cadeia de produção e exploração do petróleo. A efetividade dessa ação se dava principalmente por meio da política de conteúdo nacional, pois tratava-se de uma verdadeira injeção de ânimo na construção de estaleiros, da indústria metal mecânica, da produção de equipamentos dinâmicos ou ainda de tubulações e equipamentos específicos para toda a indústria do petróleo. O impacto dessa medida chegou a ser sentido por parcela considerável da população brasileira, quando tivemos uma ampla expansão da economia, geração de renda e aumento dos empregos de maior qualidade.
É importante dizer que, mesmo com a política de conteúdo nacional, aumento de empregos, aumento de renda e o fortalecimento da Petrobrás, passamos por um período de desindustrialização que exigia mais medidas de incentivo à indústria brasileira. Mas e agora? Em qual política industrial estamos inseridos? A política de importação de plataformas, os processos de contratação de empresas estrangeiras para obras e a retirada das empresas nacionais dos processos licitatórios demonstram objetivamente a política de desmonte adotada pelo governo.
Toda a engenharia brasileira de produção de sondas, embarcações, sistemas de produção de petróleo, entre outras, foi desmontada e deu lugar ao processo de importação ou geração de emprego em outras partes do mundo, ignorando por completo a necessidade nacional de crescimento e geração de riqueza.
A Petrobrás deve ser uma empresa rentável, mas que tenha compromisso com o povo brasileiro. Não podemos permitir a continuidade do desmonte da nossa empresa e da engenharia nacional, por isso precisamos construir uma ampla frente de debates, em conjunto com todos os setores que defendem a Petrobrás como uma empresa pública e socialmente responsável.
Agora é hora de unidade de ação, não temos espaço para vacilo ou ainda para tergiversar sobre sexo angelical. Resistir é a nossa mais importante tarefa no presente, para que possamos sonhar com um futuro de empregos e renda para nossos filhos e todo o povo brasileiro.
Danilo Silva é técnico de mecânica pleno da REPLAN, é formado em Direito na PUCCAMP, especializou-se em economia na UNICAMP; MBA em Finanças na FGV com extensão em Direito Empresarial na Ohio University. Foi diretor do SindiPetro-SP.