Reunidos na sede da CUT-RS nesta quinta-feira (4), dirigentes de diversas entidades sindicais e movimentos sociais, deliberaram, em reunião ampliada da Executiva da Central, um calendário de atividades em defesa da democracia. As propostas foram construídas a partir de uma análise de conjuntura pautada pela necessidade de intensificar a defesa da democracia e do direito do ex-presidente Lula concorrer na eleição de 2018.
Sobre o assunto, o presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, destacou que para os trabalhadores, eleição sem Lula é fraude. “Punir o ex-presidente sem provas, apenas para impedir que ele concorra, é impedir os brasileiros de exercerem o seu direito constitucional de escolher quem irá governar o país”, definiu o dirigente. Nespolo lembrou que Lula lidera as pesquisas em qualquer cenário, o que demonstra que, para o povo, está clara a manobra de setores do judiciário, da mídia e do empresariado de imputar a ele crimes sem provas.
De acordo com ele, as ações da CUT-RS serão integradas às atividades que vêm sendo organizadas pelas Frentes Brasil Popular de Santa Catarina e Paraná e culminarão com uma vigília no dia 24 de janeiro, data em que ocorre o julgamento, em segunda instância, pelo Tribunal Regional Federal 4 (TRF4), de recursos da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra acusações da força tarefa da Lava Jato acolhidas pelo juiz da primeira instância Sérgio Moro, de Curitiba. Diversos estados também estão programando atividades para este dia.
Defesa da democracia
Para Nespolo, a questão envolvendo o presidente Lula ultrapassa o debate eleitoral e se trata, na verdade, de defender a democracia no País, segundo ele duramente atacada com o golpe do impeachment, em 2016, que tirou a presidente Dilma, legitimamente eleita, para colocar no poder golpistas cujo projeto foi rejeitado em quatro eleições e que, como tem sido evidenciado agora, está fazendo o país retroceder décadas. “É preciso que a população entenda que não se trata de defender uma pessoa, embora nenhuma prova exista de fato contra o presidente Lula, mas de defender um projeto político para o país e, fundamentalmente, defender a democracia”, destacou, frisando que não cabe ao judiciário exercer ação política, mas cumprir a Constituição.
Segundo o dirigente, estas atividades também são importantes para deixar claro à população que esta é uma pauta que interessa a toda a sociedade, que dialoga com as reformas que atacam direitos, com o fim dos programas sociais, com o desemprego, com as privatizações e tantas outras iniciativas de um projeto neoliberal rejeitado pelos brasileiros. “Por tudo isso, é uma pauta fundamental para a classe trabalhadora, mas é de interesse de toda a sociedade”, pontuou.
Preocupação com a segurança
Um dos pontos destacados na reunião foi em relação à segurança. Nespolo criticou a iniciativa do prefeito Nelson Marchezan (PSDB), que enviou comunicado pedindo reforço do Exército, da Força Nacional, para Porto Alegre no dia 24. Segundo ele, trata-se de uma iniciativa absurda, que transforma o direito do povo se manifestar pacificamente, em uma situação de guerra. “Nosso ato é um ato de paz, democrático, e em defesa do Lula ser candidato”, ponderou.
Nespolo alerta que esta perseguição inclusive já começou. Relatou que o repórter fotográfico Guilherme Santos, do portal de notícias Sul21, teve uma pistola apontada para a cabeça, na tarde do dia2, por um integrante da Brigada Militar, durante uma abordagem realizada nas imediações do prédio do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre (RS). Guilherme foi abordado por quatro policiais em uma viatura da Brigada Militar, na avenida Augusto de Carvalho, cerca de 10 minutos depois de fazer algumas fotos externas do prédio do TRF4. Após a identificação, ele foi liberado. Questionados sobre o motivo da abordagem, os policiais disseram que receberam um chamado para averiguar o que ele estava fazendo nas proximidades do prédio do Tribunal. O presidente da CUT-RS criticou a abordagem, que antecipa um clima bélico e evidencia a forma antidemocrática como o estado e o município vêm tratando a imprensa alternativa e os movimentos sociais. O Sindicato dos jornalistas também emitiu nota repudiando a iniciativa.
Jornada democrática rumo a Porto Alegre
De fato, as mobilizações para ocupar Porto Alegre em defesa de Lula, da democracia e de eleições livres vêm num crescente. Diversos setores dos movimentos populares, parlamentares, da mídia progressista e partidos políticos de esquerda têm se manifestado no sentido de estarem na capital gaúcha no dia 24.
Agenda de atividades em defesa da Democracia
13.01.2018 Dia Nacional de Mobilização e lançamento dos Comitês em Defesa da Democracia e do Lula concorrer.
22.01.2018 Debate público com juristas brasileiros e estrangeiros
23.01.2018 Início da Vigília Nacional em Defesa da Democracia
Encontro de Mulheres – às 9h, na sede da Fetrafi (R. Cel. Fernando Machado, 820 – Centro Histórico
Painel do Fórum Social Mundial – às 14h, auditório Dante Barone da Assembleia Legislativa
Caminhada seguida de ato político – às 17h concentração na Esquina democrática e às 19h caminhada até o acampamento da resistência
24.01.2018 Vigília e ato junto ao TRF4
CUT-RS