Após doar a Nova Transportadora do Sudeste (NTS) à Brookfield, fundo de investimentos canadense, a gestão Pedro Parente comunicou ao mercado o início do processo de privatização da Transportadora Associada de Gás (TAG), subsidiária que opera e administra os gasodutos da Petrobrás. A chamada “etapa de divulgação da oportunidade” (teaser) foi anunciada em fato relevante nesta terça-feira, 05, à noite.
Sob o governo Temer, a desintegração da petrolífera avança a passos largos. Os mais de dois mil quilômetros de gasodutos que cortam o Sudeste do país já foram entregues a preços ínfimos à Brookfield: US$ 4,23 bilhões, sendo US$ 2,59 bilhões em ações e US$ 1,64 bilhão em títulos de dívida. Com a venda da TAG, a gestão Pedro Parente abrirá mão de mais 4,5 mil quilômetros de gasodutos, localizados principalmente nas regiões Norte e Nordeste, cuja capacidade de transporte gira em torno de 75 milhões de metros cúbicos de gás por dia.
Criada em 2006 para unificar o transporte de gás natural no país, a subsidiária fechou o ano passado com receita líquida de R$ 4,7 bilhões e geração de caixa operacional de R$ 4,1 bilhões. Não há, portanto, justificativas para sua privatização.
Além de desarticular a logística de transporte da Petrobrás, a venda da TAG deixará nas mãos de grupos estrangeiros o controle sobre os gasodutos do país. A estatal terá que se submeter aos preços e condições impostas pelas multinacionais, como já acontece com a NTS, que agora pertence ao fundo de investimentos Brookfield. Segundo especialistas do setor, a Petrobrás desembolsará anualmente US$ 1 bilhão para utilizar a malha de gasodutos do Sudeste. Em apenas quatro anos, a empresa terá pago em aluguel o valor da venda da empresa.
O prejuízo só aumentará, já que a produção de gás natural cresce com a exploração do Pré-Sal, cujas jazidas estão justamente no Sudeste. E quem pagará a conta, mais uma vez, será o consumidor, como já vem acontecendo com o gás de cozinha, a gasolina e o diesel, cuja política de preços da Petrobrás privilegia as distribuidoras e importadoras de combustíveis. E ficará ainda pior com o desmonte das refinarias, a privatização da Liquigás e a abertura do capital da BR Distribuidora. Cada vez mais, o consumidor brasileiro estará à mercê dos oligopólios privados.
A privataria conduzida por Pedro Parente, além de causar graves prejuízos à Petrobrás, beneficia diretamente as concorrentes da estatal. Perdem os consumidores, perdem os trabalhadores, perdem os acionistas. Mas, o mais grave de tudo, é que o povo brasileiro está perdendo soberania e perspectivas de um futuro melhor, diante da privatização das principais empresas do Sistema Petrobrás.
FUP