O Ministro de Minas e Energia anunciou nesta segunda (21) que vai privatizar o sistema Eletrobrás. No comunicado, o governo diz que, com isso, haverá “democratização na bolsa de valores”. Com a venda pretende arrecadar R$ 20 bilhões.
Na prática, a “democratização” significa a entrega total da energia elétrica do país ao capital financeiro, ao controle dos banqueiros e especuladores.
Com a medida, a pilhagem ou saqueio sobre o povo brasileiro significará a entrega de 47 hidrelétricas com capacidade de 46.856 MW, sendo que 40.828 MW de fonte hídrica; 71.201 Km de Linhas de Transmissão, equivalente a uma volta e meia no planeta Terra; 271 subestações; e seis distribuidoras de energia elétrica dos estados do Piauí, Acre, Roraima, Aamazônas, Rondônia e Alagoas, que atendem 12 milhões de habitantes. Ou seja, o assalto será de 31% da geração, 51% das linhas de transmissão e 10% da distribuição da energia elétrica brasileira.
Na geração de energia, entre as 47 hidrelétricas que serão entregues estão Tucuruí, complexo Paulo Afonso, Xingó, entre outras. Itaipu e a Eletronuclear deverão entrar na sequência. São usinas de alta qualidade no país e até mundialmente. Para se ter uma ideia, Itaipu produziu na semana passada 930 kWh de energia para cada metro cúbico de água passada pelas turbinas e Tucuruí produziu 600 kWh/m³. Ou seja, usinas altamente eficientes, que poucas partes do mundo possuem com tamanha qualidade.
Dos 70.201 km de linhas de transmissão, 57.027 km são totalmente amortizados, ou seja, que já foram pagos pela população por meio das contas de luz e que oferecem o menor custo de transmissão do sistema elétrico nacional. No entanto, com a privatização os empresários terão direito de rever estes contratos e valores e passarão a cobrar mais caro, semelhante ao valor cobrado por empresas privadas. A consequência será mais aumentos nas contas de luz da população e lucros bilionários aos futuros donos.
Na distribuição, os 12 milhões de consumidores pertencentes aos seis estados terão reajustes maiores nas contas de luz, porque a tarifa será elevada aos patamares de empresas privadas. Por exemplo: em Rondônia a população pagava ao final de 2016 cerca de R$ 630,00/1000 kWh consumidos e no estado do Pará, onde a distribuidora já foi privatizada, a tarifa residencial custa R$ 740,00/1000 kWh, cerca de 17% mais cara. A privatização causará mais aumentos.
O preço de privatização de 47 hidrelétricas será liquidado pelo valor de uma hidrelétrica
Já se especula que o Governo estima arrecadar R$ 20 bilhões com essa privatização, dinheiro que será imediatamente colocado nos cofres da União para pagar juros da dívida pública do rombo de R$ 159 bilhões anunciado na semana passada. O dinheiro arrecadado pelo governo com a venda das usinas vai retornar imediatamente ao bolso dos banqueiros, que se tornarão donos das usinas. Do outro lado, o povo brasileiro será obrigado a pagar aumentos nas contas de luz pelos próximos 30 anos do contrato de concessão de cada hidrelétrica.
O dinheiro que o governo pretende arrecadar é exatamente 8% do valor real se tivesse que construir usinas totalmente novas. A Hidrelétrica de Jirau, 3ª maior do Brasil, custou R$ 19 bilhões de investimento para potência de 3.750 MW instalados. Ou seja, o preço da privatização de 47 hidrelétricas será liquidado pelo preço real de uma hidrelétrica, que neste caso representaria 8% do total de potência do sistema Eletrobrás. Sem contar ainda que toda transmissão e distribuição serão entregues de graça, caso a privatização se concretize.
Conta de luz vai aumentar
A maioria das usinas da Eletrobrás está vendendo a energia mais barata do Brasil, chegando a vender a R$ 63,00/1000 kWh. Com a privatização, o capital estima que passarão a vender a R$ 200,00/MW, cerca de três vezes mais cara, o que significará aumento nas contas de luz ao povo brasileiro. Em compensação, os banqueiros que se tornarão donos aumentarão seus lucros extraordinariamente e ainda terão as “ações” da empresa valorizadas, gerando ainda mais lucro ao capital especulativo. Mas tudo sairá do bolso do povo brasileiro.
A conta de luz será a pagadora e a avalista da futura privatização. Não será investimento, porque não terá nenhuma obra nova a ser construída, apenas uma transação do sistema financeiro que obrigará a população a pagar o custo da privatização. Não é o capital das “bolsas de valores” que vai colocar seu dinheiro, estes apenas emprestarão o dinheiro e em troca a população devolverá o valor total e os juros altíssimos que serão cobrados mensalmente por meio da conta de luz dos 70 milhões de consumidores residenciais pelos próximos 30 anos.
Os futuros aumentos terão que suportar os valores mais caros que a energia destas usinas passará a comercializar, assim como os aumentos referentes às linhas de transmissão e das distribuidoras. Enquanto o povo brasileiro vai pagar a conta, o capital financeiro vai encher o bolso de dinheiro especulando e cobrando mais caro nas contas de luz da população.
Usinas pagas é do povo, não de banqueiros
A imprensa brasileira, que apoiou o golpe, logo que o ministro anunciou a privatização tentou passar uma falsa ideia de que a privatização é necessária porque as usinas tiveram que abaixar o preço da energia. Grande mentira global.
Estas usinas passaram a vender mais barato porque a população já pagou todos os custos de investimentos e, como são do povo, a população tem o direito de usar esta energia mais barata a seu benefício. O fato é que o capital financeiro que viabilizou o golpe não aceita que usinas amortizadas possam beneficiar à população. O capital quer estas usinas para aumentar seus lucros.
Os grandes aumentos nas contas de luz da população nos últimos anos não ocorreu por culpa da Eletrobrás, empresa pública, vender a energia mais barata. O motivo real foi a especulação financeira causada em usinas com controle privado e outras administradas pelos governadores do PSDB (PR, SP e MG), que na época não aceitaram abaixar os valores. Enquanto as usinas da Eletrobrás passaram a vender a R$ 33,00/1000 kWh, as demais chegaram a vender energia semelhante cobrando R$ 823,00/MWh, uma brutal especulação que posteriormente foi jogada em aumentos nas contas de luz da população, que chegaram a mais de 80% no acumulado.
Como não possuem justificativa que obtenha apoio na população para tamanha pilhagem, a mídia cria falsas teorias para justificar mais um golpe contra o povo brasileiro.
Nossa pátria está sendo saqueada. O povo brasileiro deve reagir e reverter tudo, inclusive cobrando centavo a centavo tanto dos que dirigem o golpe, quanto os que recebem os benefícios do golpe, por crime de interceptação.
Fonte: MBA Nacional