Mesmo sem crise e com lucros gigantescos, os bancos fecharam 10.752 empregos com carteira assinada em todo o Brasil no primeiro semestre de 2017, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho. Planos de desligamento lançados por grandes instituições financeiras tiveram forte impacto no mercado de trabalho do setor. Os dados são da Pesquisa do Emprego Bancário, realizada pela Contraf-CUT em parceria com o Dieese.
São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul foram os estados mais impactados pelos cortes, com fechamento de 2.998, 1.432, 1.131 e 1.059 postos de trabalho, respectivamente.
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Cortes de vagas desde fevereiro de 2016
Se analisarmos desde janeiro de 2016, observa-se saldo positivo somente no primeiro mês da série (janeiro de 2016). Desde então, foram registrados apenas saldos negativos, mostrando o ajuste feito pelos banqueiros para fechar vagas nos bancos.
A análise por Setor de Atividade Econômica revela que os “Bancos múltiplos com carteira comercial”, setor que engloba bancos como, Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Banco do Brasil, foram responsáveis pelo fechamento de 6.030 postos de trabalho. A Caixa Econômica Federal foi responsável pelo fechamento de 4.429 postos.
“Este grupo também é o que mais lucra no país e por pura ganância. Só com o que arrecadam com cobranças de tarifas de serviços prestados aos clientes, sem contar os ganhos com as demais operações financeiras, altamente lucrativas, daria para pagar todas despesas com os quadros de empregados e ainda sobraria muito dinheiro”, disse Roberto von der Osten, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).
Desigualdade entre homens e mulheres
As 5.375 mulheres admitidas nos bancos nos seis primeiros meses de 2017 receberam, em média, R$ 3.576,00. Esse valor corresponde a 68,2% da remuneração média auferida pelos 5.249 homens contratados no mesmo período.
A diferença de remuneração entre homens e mulheres é observada também na demissão. As 10.811 mulheres desligadas dos bancos entre janeiro e junho de 2017 recebiam, em média, R$ 6.519,00, o que representou 78,3% da remuneração média dos 10.565 homens que foram desligados dos bancos no período.
Desligamento dos mais experientes
Os bancários admitidos concentraram-se na faixa etária até 24 anos de idade, com saldo positivo em 2.984 postos. Já os desligamentos situaram-se nas faixas etárias superiores a 25 anos e, especialmente, entre 50 a 64 anos, cujos salários são maiores, com fechamento de 7.481 postos de trabalho.
Fonte: CUT-RS com Contraf-CUT e Dieese