A Record TV dedicou 16 minutos de sua revista eletrônica semanal, o ‘Domingo Espetacular’, à exibição da matéria que tem como personagens centrais o ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil, Antonio Palocci, e a maior emissora de televisão em audiência do país, a TV Globo. Com reportagem de Luiz Carlos Azenha, o conteúdo levado ao ar nesta noite garante que as informações guardadas pelo político podem levar à investigação de denúncias envolvendo sonegação fiscal, criação de empresa de fachada no exterior e negócios fraudulentos para aquisição dos direitos de transmissão da Copa do Mundo de 2002.
Com a marcação de “exclusivo” na televisão e no R7, braço da Record na internet, a reportagem exibe na tela a nota publicada pela coluna ‘Radar On-line’ no último dia 8. O espaço vinculado ao site da revista Veja e editado pelo jornalista Mauricio Lima garantiu que a delação de Palocci, que estaria “prestes a ser concluída”, conta com anexo relacionado a “questões fiscais” envolvendo a Globo. Na televisão, a reportagem do ‘Domingo Espetacular’ diz que a emissora da família Marinho “quase quebrou” no início dos anos 2.000 por causa de “maus negócios”. Na época, segundo o material apresentado, o canal “montou um esquema” para adquirir os direitos de exibição da Copa do Mundo de 2002.
Sobre o assunto da transmissão do mundial de futebol realizado na Coreia do Sul e no Japão, Azenha se baseia em documentos da Receita Federal. De acordo com o repórter, os arquivos informam que “a Globo conseguiu comprar os direitos de transmissão da Copa do Mundo sem pagar impostos no Brasil”. O jornalista ressalta que isso caracteriza uma “operação fraudulenta” — que ocorreu por meio da criação de uma empresa chamada Empire. A matéria destaca, contudo, que as investigações por parte da Receita Federal só começaram em 2005 e repercutiram na imprensa oito anos depois, em 2015, graças ao jornalista Miguel do Rosário — que falou do tema no blog O Cafezinho.
“A Globo deveria simplesmente ter comprado os direitos de transmissão e pago os impostos. E ela não fez isso. Ela criou uma série de empresas para que uma dessas empresas herdasse os direitos e esses direitos passem para a Globo como que por osmose”, disse Miguel do Rosário à equipe de produção da Record TV. Com a declaração do jornalista, a matéria do ‘Domingo Espetacular’ afirma que a emissora carioca usou “empresas de papel” para enviar capital a quatro países: Uruguai, Antilhas Holandesas, Países Baixos e Ilhas Virgens Britânicas (onde havia sido criada a empresa Empire). A Empire oficialmente comprou a exibição da Copa de 2002, sendo dissolvida após a negociação e tendo repassado seus bens à Globo. “Com essa manobra, a família Marinho deixou de pagar mais de R$ 170 milhões em impostos no Brasil”, enfatiza Azenha.
Record fala do furto de documento sobre a Globo
A reportagem cita o episódio envolvendo a ex-servidora da Receita Federal no Rio de Janeiro, Cristina Maris Ribeiro, que furtou documentos relacionados à Globo. A matéria informa de que ela chegou a ser presa, mas foi libertada menos de uma semana depois e segue em liberdade mesmo tendo sido condenada a mais de quatro anos de reclusão. As informações sobre a ex-servidora foram divulgadas em 2013 por outros veículos de comunicação. Em julho daquele ano, a Folha relatou que Cristina foi condenada por também favorecer outras empresas. O jornal paulistano também divulgou na época que a Globo tinha aderido ao Programa de Recuperação Fiscal (Refis) para ficar em dia com a Receita – outro ponto detalhado pelo ‘Domingo Espetacular’. A denúncia da Record destaca, entretanto, que o acordo fez a emissora da família Marinho pagar R$ 1 bilhão, mas que a própria deixou de contribuir com “outro bilhão”.
Delação, Palocci, Globo, Record e… Reinaldo Azevedo
A parte final da reportagem de 16 minutos da Record dá conta de que “ganhou força” a informação de que Antonio Palocci pode comprometer a Globo no acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal. Para isso, o programa da emissora de Edir Macedo exibiu na tela a postagem feita pelo jornalista Reinaldo Azevedo no blog que mantém no site da Rede TV. No conteúdo publicado no dia 10 de julho, Reinaldo afirma o acordo preparado pelo ex-ministro dos governos Lula e Dilma tem anexo de negociação fiscal envolvendo o PT e a TV Globo. “Mas o jornal Valor Econômico noticiou que a delação não deve sair”, comenta Luiz Carlos Azenha, a respeito de reportagem do impresso que circulou no mesmo dia 10. “Só que o jornal que diz isso é de propriedade da família Marinho”, completa o jornalista.
O repórter da Record finaliza a matéria destacando que enviou perguntas para a Globo, mas ficou sem respostas. Até o início da madrugada desta segunda-feira, 17, o canal carioca não se pronunciou oficialmente a respeito do conteúdo veiculado na última edição do ‘Domingo Espetacular’.
Fonte: Portal Comunique-se