Durante participação no seminário “O que a Lava Jato tem feito pelo Brasil”, realizado pelo Partido dos Trabalhadores em São Paulo, nesta sexta-feira (24), o coordenador da FUP, José Maria Rangel, afirmou que, sob a falsa premissa de combate à corrupção, a operação comandada pelo Juiz Sérgio Moro age para quebrar a Petrobrás e criminalizar o partido que ousou mudar os rumos do país. "A corrupção tem que ser combatida por todos. Se a Lava Jato se prestasse somente para isso, teríamos que aplaudir de pé. Mas o que estamos vendo, infelizmente, não é isso. Estamos vendo uma operação deliberada para quebrar as empresas nacionais, começando pela maior delas", criticou o petroleiro.
O seminário contou com a participação de juristas, jornalistas, economistas, engenheiros e outros especialistas que analisaram os efeitos da Lava Jato no país, ao longo destes três anos da operação. O ex-presidente Lula também participou dos debates, acompanhado por parlamentares e militantes do partido.
Após a Lava Jato, os investimentos da Petrobrás despencaram de R$ 104 bilhões para R$ 53 bilhões, impactando nas reservas da companhia, que retrocederam aos níveis de 2001, e fazendo o PIB despencar em 2,5%. Os resultados imediatos na economia do país se refletem no desemprego de mais de 2 milhões de brasileiros que atuavam no cadeia produtiva que gira em torno do setor petróleo e que está sendo devastada, afetando também a economia dos estados e municípios. Só em royaties, houve uma perda de cerca de R$ 10 bilhões, após o desmonte provocado pela Lava Jato.
Durante sua apresentação, o coordenador da FUP destacou a importância do Pré-Sal para o país e como essas reservas influenciaram a geopolítica mundial, colocando o petróleo brasileiro no centro do golpe que retirou do poder a presidenta Dilma. “Com a descoberta do Pré-Sal, nós tínhamos toda a capacidade de sermos um dos países com condição de alterar o mercado mundial de petróleo, ditando o ritmo da produção, bem como influenciando nos preços do barril. E nós só descobrirmos estas reservas porque tivemos um governo que priorizou o desenvolvimento do Estado brasileiro”, afirmou.
José Maria também ressaltou o protagonismo da Petrobrás, que, com os investimentos que recebeu nos governos Lula, teve a capacidade de descobrir o Pré-Sal, que hoje já responde por mais de 50% da produção da empresa. “E ainda há vozes que dizem que nós endeusamos muito o Pré-Sal”, comentou o petroleiro, referindo-se a declaração feita pelo presidente da Petrobrás, Pedro Parente.
O coordenador da FUP denunciou a política de “impairments” que sangra a companhia, através de ajustes contábeis que reduziram os valores dos ativos em R$ 112 bilhões, entre 2014 e 2016. Só com essas depreciações, a Petrobrás amargou perdas que equivalem a 17 vezes o valor que declarou ter perdido com os crimes investigados pela Lava Jato. “É um movimento que nenhuma petrolífera no mundo está fazendo”, afirmou Zé Maria, cobrando dos parlamentarem que convoquem a direção da Petrobrás para que preste contas ao país do porquê de estar indo na contramão das outras empresas, depreciando tão absurdamente o seu patrimônio.
Ele também denunciou o feirão feito por Pedro Parente, que está colocando à venda diversos ativos a preço de banana e só na sua gestão já cortou 32% dos investimentos da companhia.“Esse caminho em curto prazo vai levar a Petrobrás a uma situação bastante complicada”, revelou Zé Maria, que também criticou duramente os ataques do atual governo e dos gestores da estatal à política de conteúdo local. "Nosso país precisa voltar a ter engenharia, precisamos gerar emprego aqui e desenvolver a nossa indústria. O fim do conteúdo local será um prejuízo difícil de recuperar", afirmou.
José Maria se contrapôs a afirmação massificada pela mídia e pela Lava Jato de que os governos do PT quebraram a Petrobrás e de que a Petrobrás é uma empresa corrupta. “Basta compararmos a situação do país e da empresa antes, durante e depois dos governos do PT. Os números provam que essa falácia não se sustenta”, declarou, apresentando diversos indicadores e ressaltando que, durante o governo Lula, a Petrobrás atingiu o patamar de maior empresa de capital aberto do mundo em produção de óleo.
O coordenador da FUP também apresentou um estudo da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que aponta que o setor de mineração e extração é o mais suscetível a corrupção no mundo, justamente porque envolve altos investimentos. “Corrupção não se combate do jeito que estão fazendo na Petrobrás, cortando investimentos e privatizando a empresa. Temos vários exemplos na Shell, Statoil e outras petrolíferas do mundo, como na Líbia e na Nigéria, que também tiveram problemas com corrupção e aumentaram os seus investimentos”, afirmou, citando que, após passarem por crises de corrupção, a Shell aumentou em 24% os seus investimentos e a Statoil em 158%.
Texto e edição: FUP