Enquanto o Senado aprovava na tarde desta terça-feira (13) por 53 votos a 16 em segundo turno a PEC 55, que congela gastos públicos por 20 anos, com votos favoráveis dos senadores gaúchos Lasier Martins (PDT) e Ana Amélia Lemos (PP) e voto contrário do senador Paulo Paim (PT), milhares de servidores estaduais enfrentaram o sol escaldante, tomaram as ruas do centro de Porto Alegre, e se manifestaram contra o pacotaço do governador José Ivo Sartori (PMDB). Após uma assembleia unificada no Largo Glênio Peres, eles saíram em caminhada até a Praça da Matriz e fizeram um ato em frente ao Palácio Pirati.
Estiveram presentes servidores de fundações ameaçadas de extinção, professores da rede estadual, policiais e outros funcionários públicos que se uniam em protesto contra as medidas de austeridade no Estado. Dezenas de sindicatos agitaram bandeiras, cartazes e camisetas em defesa dos servidores, dos serviços públicos e do patrimônio do povo gaúcho.
O pacotaço apresentado por Sartori prevê a demissão de 1.200 funcionários públicos, extinção de nove fundações, fim do plebiscito para a privatização da CEEE, Sulgás e CRM, escalonamento de salários e parcelamento do 13º salário, dentre outras medidas nefastas que afetam diretamente os servidores e prejudicam os serviços públicos.
O presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, salientou que o governador deveria entregar o governo para a RBS e as federações empresariais, pois são elas que mandam no Estado. “Estamos nas ruas e vamos dedicar toda a nossa força para derrotar esses projetos de políticas neoliberais”, disse. Para Claudir, o objetivo do Sartori é transformar o Rio Grande do Sul em “Rio Pequeno do Sul” e , segundo ele, “isso nós não vamos deixar”.
O dirigente sindical também questionou o motivo de Sartori fazer um ajuste fiscal em cima dos trabalhadores. “Os empresários já ganham bastante dinheiro através das renúncias e incentivos fiscais. Por isso, são eles que têm que pagar essa conta e não os trabalhadores”, acentuou.
“Tem dinheiro pra empresário, mas não tem pro meu salário”
Em cima do carro de som, a secretária de Formação da CUT-RS e diretora do Semapi-RS, Maria Helena de Oliveira, e a diretora da CUT-RS e do CPERS Sindicato, Sônia Solange, puxavam palavras de ordem, como “Tem dinheiro pra empresário, mas não tem pro meu salário”.
Um servidor da Procuradoria Geral do Estado disse que “o pacote vai diminuir 0,21% os custos, mas isso não resolve nada. A crise do Estado é de receita, não de despesa. O governo não quer discutir isenções fiscais porque são elas que pagaram a campanha do governador”. Servidores caminhavam com a camiseta da Fundação Zoobotânica e os dizeres: “A FZB não tem preço. Tem valor”.