Nov 26, 2024
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Petrobras sair de campos terrestres e pequenos não tem nada de novo

A Folha, hoje, noticia que “a  Petrobras decidiu mudar seu portfólio de exploração de petróleo. Em busca de projetos com maior rentabilidade, a estatal vai sair gradualmente dos poços situados em terra e em águas rasas e passar a se concentrar na extração de óleo e gás em águas ultraprofundas, o que inclui o pré-sal”.

Noticia é, neste caso, um verbo impróprio para algo que não seja ironia.

Primeiro, porque uma empresa que há 40 anos começou a mudar o perfil exploratório do petróleo brasileiro de terrestre para marítimo, que há pelo menos 30 anos trabalha em águas profundas (300  a 1.500 metros de lâmina d’água) e há 18 em água ultraprofundas (acima de 1.500 m) não se pode dizer que tenha decidido “mudar seu portfólio” , muito menos quando há pouco mais de oito anos achou uma jazida imensa no pré-sal que, mal arranhada em seu potencial produtivo , já responde por um terço de todo o petróleo e gás no país.

Como assim “decidiu mudar”, então?

A Petrobras, há décadas, investe essencialmente em ampliar sua produção no mar e, especialmente, em águas profundas.

Seus programas de desinvestimento faz muito tempo contemplam a transferência de poços terrestres de baixa produção para a iniciativa privada, em geral pequenas e médias empresas para as quais isso pode ser rentável, enquanto para quem é gigante seria impensável operar poços ou campos de baixa produção, seja porque já drenados ao longo de décadas, seja porque originalmente de produção em baixa escala.

De todo o petróleo produzido no Brasil, 94% vêm do mar. Ao contrário, dos  8.985 poços de petróleo, 91% estão em terra.

A supremacia da exploração marítima é evidente e histórica. E, nela, a das águas profundas e ultra profundas, inclusive o pré-sal é quase tão gritante quanto. Quatro quintos de todo o petróleo produzido pela Petrobras vieram de 11 campos de águas ultraprofundas. Se somarmos os demais campos ultraprofundos e os de águas profundas, isso passa fácil, fácil, dos 90%.

O Brasil tem hoje 15 empresas que produzem entre 1 e 500 barris de petróleo por dia, volumes que só em condições excepcionalíssimas poderiam interessas a uma empresa como a Petrobras, empenhada em  concluir poços de onde jorram mais de 30 mil barris diários.

O desinvestimento nas áreas de baixa produção é o único dos “desinvestimentos” da Petrobras que – feito com avaliação correta – está longe de ser um risco para a empresa. E é, ao mesmo tempo, área onde ela pode vender sua expertise de exploração para pequenos capitais.

Quando se defende o controle do petróleo brasileiro pela Petrobras, é obvio que não se pode comparar a entrega de grandes jazidas às multinacionais com , por exemplo, a devolução de poços como o da foz do Vaza-Barris, em Sergipe, feita em 2005 pela Petrobras. O poço, hoje explorado por uma pequena empresa, a Guto & Cacal, produz 1 barril por dia.

A Petrobras não mudou em nada a direção do que vinha fazendo em matéria de portfólio de exploração. Isso é conversinha  de quem quer aparecer com outro tipo de “novidade”.

Até porque o futuro do petróleo no Brasil é o pré-sal, e é neste que querem meter a mão.

PS. O Senado não votou ontem o PLS 131, de José Serra, que tira da Petrobras os 30% mínimos e a condição de operadora exclusiva do pré-sal. Mas eles não desistiram, pode ter certeza.

Fonte: Tijolaço

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