Após a fracassada estratégia do governo FHC de pulverização, fatiamento e abandono da Petrobrás, cuja finalidade era a sua privatização, o governo Lula formulou uma nova estratégia, reconstruindo a Petrobrás. A empresa expandiu exponencialmente sua taxa de investimentos, reassumiu o papel de integração da cadeia de energia, ampliou sua atuação em novos setores de energia sustentável, assumiu uma posição de grande player internacional por meio da realização de investimentos em vários mercados internacionais e se tornou, nos últimos anos, o maior símbolo global de sucesso tecnológico e de inovação com a descoberta do pré-sal. Na crise internacional de 2008, ao lado dos bancos públicos, realizou um papel central na política anti-cíclica elaborada pelo governo federal que impediu uma recessão ainda mais grave da economia brasileira naquele momento.
No entanto, apenas seis anos depois, ainda sob a tutela de um governo do PT, a nova gestão da Petrobrás retoma a fadada estratégia do governo tucano. O projeto de recuperação proposta pela nova gestão é nada mais, nada menos, que a retomada, talvez mais intensa, do projeto tucano de fatiamento, diminuição e pulverização da Petrobrás. A resposta para crise da Lava-Jato e do mal resultado observado em 2014 atende a uma antiga demanda dos mercados de capitais, representados pelos acionistas minoritários da empresa e pelos segmentos conservadores da sociedade brasileira. A opção é desinvestir brutalmente, abrir mão de setores não lucrativos e reduzir fortemente a atuação em segmentos que não estejam envolvidos com a área de exploração e produção.
É simbólico nesse processo o total desconhecimento da nova gestão que impõe impactos deletérios sobre o emprego e as economias locais. A expectativa é que, com essa nova estratégia, a Petrobrás retome a confiança dos mercados e recupere sua trajetória de lucro. Ao mesmo tempo, ignoram-se todos os impactos sociais em várias regiões do país e o papel fundamental que a empresa possui a fim de impulsionar vários outros segmentos da indústria.
Para os trabalhadores petroleiros, talvez seja o momento mais crítico observado desde a greve de 1995. É uma terrível coincidência que, justamente, vinte anos após aquele momento, a categoria se depare, novamente, com uma nova tentativa de destruição da Petrobrás. Além das ameaças de uma redução ainda mais intensa dos empregos terceirizados, várias cidades e regiões, cuja economia está fortemente atrelada à da Petrobrás, sofrem uma perspectiva de desarticulação das suas cadeias produtivas e dos setores de serviços, que devem agravar ainda mais a atual crise da economia brasileira. Seja pela redução do emprego, seja pela eliminação de cadeias produtivas, a atual estratégia da Petrobrás coloca em risco a sobrevivência financeira de petroleiros pelo Brasil afora.