Milhares de trabalhadores do campo e da cidade se concentraram na manhã dessa quinta-feira, 12 de março, em frente à Refap, em Canoas, para defender a Petrobrás e cobrar o fim da corrupção na empresa. Durante as falas, dezenas de lideranças sindicais de diferentes categorias e dos movimentos sociais, se revezaram no microfone para defender a estatal contra os ataques que ela vem sofrendo na Operação Lava Jato e denunciando o uso que tem sido feito dessa situação, para fragilizar a empresa e entregar o que é um patrimônio do povo brasileiro a grupos privados. A mobilização também teve como pautas a defesa da democracia e a reforma política com participação popular.
O presidente do Sindipetro-RS, Fernando Maia, destacou a importância da Petrobrás e convocou os trabalhadores e as trabalhadoras a somarem na manifestação. “Estamos na luta não pelos petroleiros, mas pelo Brasil, e quando chamamos para a luta os companheiros de todas as categorias, que não estão aqui buscando salários ou outros benefícios, estamos mostrando preocupação com as futuras gerações. Pensar na Petrobrás não é pensar no agora, mas no futuro”, disse o presidente. Maia também lembrou que a defesa da Petrobrás é a defesa da educação, da saúde e do desenvolvimento. Para se ter uma ideia, a Petrobrás investe mais de R$ 300 milhões por dia no país, o que representa 13% do PIB nacional e é responsável por quase 400 mil empregos, entre diretos e indiretos. Além disso, há o compromisso da utilização dos royaltes do pré-sal nestas áreas, o que poderá, em pouco tempo, fazer uma grande diferença.
Por outro lado, trata-se também de defender a soberania do país. “Está claro por trás de todas estas manobras o interesse de privatizar a Petrobrás por parte de setores do Congresso e entre os empresários que sempre sonharam em entregar à empresa”, alertou ele.
O presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, destacou que os interesses por trás da Petrobrás tem a corrupção como uma cortina de fumaça. Ele destacou que todo este processo, que precisa de fato ser investigado e os corruptos e corruptores punidos, tem forte interesse dos EUA e de países da Europa, altamente dependentes do petróleo e que veem no pré-sal a redenção. Mas avisou: “Os trabalhadores não vão deixar ninguém meter a mão no pré-sal e sairão às ruas quantas vezes forem necessárias para defender a Petrobrás”. Nespolo também lembrou o oportunismo da mídia e da oposição que tentam construir um movimento antidemocrático, para desconstituir um governo eleito legitimamente.
Outro tema que entrou na pauta das manifestações foi a reforma política. Há consenso que o combate a corrupção passa pelo fim do financiamento privado das campanhas. Mas, defenderam que esta deve se dar a partir da participação popular, com a realização de um plebiscito por uma constituinte exclusiva do sistema político.
Por volta das 9h, os trabalhadores se dirigiram ao centro de Porto Alegre para uma nova atividade dentro da jornada de lutas do dia 12, que incluiu um ato em frente ao IPE para cobrar melhorias no IPE/Saúde, que atende aos servidores estaduais do RS. Logo depois das 12h os manifestantes foram em caminhada do Mercado Público até a frente do palácio Piratini.
O dia de lutas encerrou com a fala do líder nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), João Pedro Stédile. Fazendo uma analogia aos fatos criados pelos movimentos antidemocráticos, Stédile ressaltou que a Praça da Matriz deveria receber o nome de Praça da Democracia, pois foi justamente naquele local que o então governador Leonel Brizola deflagrou a Campanha da Legalidade, impedindo de acontecer o golpe em 1961: “Se eles tentarem dar o golpe, nós vamos acampar nessa praça”, disse o líder do MST. Stédile também falou da luta por uma reforma política: “Nós temos que lutar por uma reforma política que mude o jeito e devolva ao povo o direito de escolher os seus representantes sem a gerência do poder econômico, porque a democracia do Brasil foi sequestrada pelo capital e se transformou em hipocrisia. Se o Congresso ainda tiver um pouquinho de consciência cívica deveria aprovar o projeto que está lá com 108 assinaturas de deputados federais e que prevê a convocação de um plebiscito para uma assembleia constituinte nesse país”, enfatizou.
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