A nova direção da FUP reúne-se nesta terça (26) e quarta-feira (27) para avaliar as mobilizações do dia 22 e deliberar sobre uma paralisação mais contundente a ser realizada no dia 02 de setembro, data que marcará o lançamento da campanha salarial da categoria. A pauta aprovada no XVI Confup será protocolada pela na Petrobrás na quarta à tarde, quando a FUP cobrará o adiantamento da reposição da inflação do período, cuja estimativa é de 6,87%, de acordo com o ICV/Dieese. A Federação também cobrará o cumprimento da cláusula 181 do ACT, que trata da extensão a todos os aposentados e pensionistas do pagamento dos níveis recebidos pela ativa em 2004, 2005 e 2006.
Este ano, a campanha de negociação com a Petrobrás e subsidiárias será baseada apenas nas questões econômicas, já que as demais cláusulas do Acordo Coletivo têm validade de dois anos e, portanto, só serão negociadas na campanha reivindicatória de 2015. O XVI Confup deliberou que outras bandeiras também devam ser referência nas lutas que permearão a campanha salarial, como a recomposição dos efetivos próprios e a defesa da vida.
Na última sexta-feira, 22, trabalhadores próprios e terceirizados do Abast aderiram às mobilizações convocadas pela FUP e seus sindicatos, em protesto pela morte do operador da Reman, Antônio Rafael, 26 anos, mais uma vítima da insegurança que já matou 335 petroleiros nas últimas duas décadas. Só este ano, perdemos seis companheiros em acidentes de trabalho na Petrobrás: três em unidades de refino e outros três no E&P.
Para exigir respeito à vida e o direito elementar de voltarem vivos para casa após cumprirem suas jornadas de trabalho, os petroleiros participaram ativamente das manifestações em todas as refinarias das bases da FUP. A categoria atrasou em pelo menos duas horas as trocas de turno e o expediente administrativo na Reman (AM), na Refinaria Abreu e Lima (PE), na Rlam (BA), na Regap (MG), na Termoelétrica Aureliano Chaves (MG), na Reduc (Duque de Caxias), na Replan (Paulínia/SP), na Recap (Mauá/SP), na Repar (PR), na Araucária Nitrogenados (PR) e na Refap (RS), além do Edivit (ES).
Durante as mobilizações, as direções sindicais, seguindo a orientação da FUP, discutiram com os trabalhadores a construção de uma paralisação nacional no próximo dia 02, quando a categoria realizará um ato no Rio de Janeiro para marcar o início da campanha salarial.
Na Reman, o luto transformou-se em luta, com uma paralisação de 24 horas, que teve início às 15 horas do dia 20 e contou com ampla adesão dos trabalhadores próprios e terceirizados. A Petrobrás não emitiu sequer uma nota pública comunicando o acidente na refinaria, nem lamentando a morte de Antônio Rafael. Este descaso com a vida tem sido a marca dos gestores da empresa quando lidam com as questões de SMS. Há anos, a FUP e seus sindicatos exigem mudanças estruturais na política de segurança. Várias propostas foram apresentadas às gerências executivas e à própria diretoria da Petrobrás, mas os poucos e tímidos avanços conquistados são insuficientes para estancar as mortes e acidentes que, absurdamente, se transformaram em rotina empresa.
Na contramão da segurança, os gestores da Petrobrás implementam programas de redução de efetivos, que aumentam ainda mais os riscos nas unidades. Enquanto os trabalhadores denunciam os efeitos nocivos do PIDV, do PLAFORT e do MOBILIZA, cobrando a recomposição imediata dos efetivos, as gerências aumentam as metas de produção, reduzindo custos, descumprindo acordos e minimizando os acidentes.
A FUP e os seus sindicatos têm alertado: estamos à beira de um grande acidente no Sistema Petrobrás. As refinarias, operadas com efetivos reduzidos e produção além do limite de segurança, são verdadeiras bombas-relógio. Diversas ocorrências vêm alertando para a gravidade do problema, mas, enquanto choramos os nossos mortos, os gestores da Petrobrás fogem da responsabilidade, alegando que os acidentes ocorrem por descumprimento de procedimentos.
Os petroleiros precisam se posicionar e escolher de que lado estão: na luta por segurança, junto com a FUP e seus sindicatos, ou sendo conivente com as gerências que colocam em risco as nossas vidas, como fizeram com Antônio Rafael, que tinha apenas um ano e meio de empresa?