A história é sempre a mesma. Ou os trabalhadores garante o lucro com sua força de trabalho, ou mantém, os lucros sendo obrigados a reduzir salários.
Qualquer economista inteligente tem certeza que a elite econômica brasileira é burra. Critica o Estado, mas todo o investimento de infraestrutura é sempre bancado pelo Estado, além de exigir, sempre, garantias para que seus negócios sejam protegidos.
Ontem a Randon colocou em prática, novamente, essa regra do empresariado brasileiro. A empresa propôs, aos trabalhadores, um acordo leonino. Ou aceitavam reduzir a jornada de trabalho com redução de salários, ou haveriam demissões. Com a espada na nuca 7 mil trabalhadores votaram (o resultado sai hoje).
O Sindicato dos Metalúrgicos não acompanhou a votação. A posição do sindicato é de que a votação é ilegal porque não há uma convenção coletiva aprovada (por falta de acordo entre as partes o dissídio foi parar na justiça).
A Randon será a primeira a flexibilizar jornada e salário mas não será a única. Por trás disso está a construção de um discurso que foi fabricado.
Primeiro, nas vésperas do dissídio da categoria, a indústria começa a demitir. Isso começa a criar um clima de insegurança na categoria.
Segundo, o jornalismo econômico, que prevê uma crise todo ano e ela nunca chega, corre para dizer que estamos em recessão, que as coisas vão piorar. Exemplo claro desse terrorismo é a abertura da notícia sobre a Randon no Pioneiro de hoje: "A estratégia busca adequar a produção ao momento de dificuldade econômica que afetou o setor automotivo no primeiro semestre e dá sinais de aprofundamento nos próximos meses, o que deve gerar demissões". A vida real contrapõem esse quadro. As demissões começaram somente nos dois últimos meses. Os quatro primeiros meses do ano foram de saldo positivo nas criação de postos de trabalho.
Terceiro, aproveite-se de um momento eleitoral e faça tudo que puder para beneficiar seu candidato ou prejudicar seu adversário.
A Randon pouco tem que se queixar de crise. A indústria de Caxias tão pouco. Durante anos foi beneficiada por fortes reduções de impostos e incentivos fiscais. Ainda teve um forte investimento em compras diretas do governo federal ou de pessoas e empresas via programas federais. A Marcopolo produziu milhares de ônibus escolares, adquiridos pelo Governo Federal, e distribuído para prefeituras. A Randon, igualmente, forneceu carrocerias para caminhões adquiridos em outro programa federal e distrubidos para 5 mil municípios.
Como o Governo Federal não pode mais, por conta da legislação eleitoral, ordenar despesas, o afã do lucro não diminui e quem garantirá o lucro é o trabalhador.
Site: Polenta News