Nessa terça-feira, 3 de dezembro, um operador que estava entrando para trabalhar às 7h30, percebeu um forte cheiro de H2S. Imediatamente, ele acionou a SMS para quantificar e localizar o vazamento. A interdição foi feita e o serviço próximo ao local paralisado. Constatou-se uma concentração de H2S de 1000 ppm. O vazamento se deu no flange da interligação da sessão de reação da U-108 com a U-110. Também foi constatado vazamento de H2S no flange do amostrador da reação da U-108.
A exposição ao gás sulfídrico em altas concentrações pode deixar sequelas nos trabalhadores podendo levá-los à morte. Conforme a literatura existente sobre este gás, uma concentração de 150 a 200 ppm num período que varia de 2 a 15 minutos, pode causar a perda de olfato. Como o trabalhador para de sentir o cheiro do gás, mesmo estando na presença do H2S, ele pode desmaiar e em poucos minutos morrer. Se essa exposição for entre 700 e 1500 ppm, num período de zero a 2 minutos, pode causar em menor tempo a morte.
Portanto, o potencial de risco nesta ocorrência foi imenso, já que a medição de H2S nessa área chegou a 1000 ppm. O conjunto de ações tomadas imediatamente por iniciativa do operador e da equipe de SMS evitou um mal maior. Nesta ocorrência se soma a outras duas que expuseram toda a insegurança da Petrobrás: a da Repar e da Reman.
O serviço do caldeireiro para sanar o vazamento foi realizado com o uso de conjunto autônomo. Numa situação deste porte, nem a brigada foi acionada. Mais uma vez, tentaram minimizar o acidente. Apesar disso, muitos saberão pelo Sindipetro/MG. É uma irresponsabilidade da gerência da Regap não dar importância a uma ocorrência dessa dimensão. Isto porque não são as vidas deles que estão em risco, e sim, a dos trabalhadores que estão na área, mantendo a refinaria em operação. Temos de ficar vigilantes e atentos para não sofrermos acidentes por irresponsabilidade da adminsitração. Informe o sindicato toda e qualquer situação de risco. Com isso, podemos alertar toda força de trabalho da Regap e contribuir para uma consciência crítica em relação ao clima de insegurança que vivemos na Petrobrás.
REPAR E REMAN: EXPLOSÕES SEGUIDAS DE INCÊNDIO
A última semana foi marcada por dois acidentes gravíssimos no Sistema Petrobrás. Na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná, houve um rompimento de uma tubulação nas proximidades da bomba de carga para os fornos da Unidade de Destilação U2100. O rompimento causou explosões seguidas de incêndio. O acidente aconteceu na quinta-feira, 28 de novembro. Por sorte, nenhum trabalhador ficou ferido. O calor do fogo causou grandes danos estruturais, chegando a entortar vigas de sustentação de equipamentos e dutos.
Já o acidente ocorrido na noite de domingo, dia 1º, na Refinaria de Manaus deixou três petroleiros gravemente feridos, sendo que um trabalhador teve 34% do corpo queimado, o outro 23% e estão internados. O terceiro já foi liberado. De acordo com o Sindipetro-AM, o acidente foi causado após a paralisação na unidade de craqueamento catalítico. O local da explosão é onde ocorre o processo de produção de gasolina e gás de cozinha.
Não é de hoje que FUP e seus sindicatos vem denunciado a falta de segurança no Sistema Petrobrás. Alertas sobre os riscos são inúmeros, mas a direção da Petrobrás não tem dado a devida importância. Sob a lógica do lucro e diminuição dos custos, os trabalhadores têm de enfrentar diariamente, situações de riscos e, ainda a se redobrar para cumprir as metas que lhe são impostas. Além disso, a falta de treinamento adequado e o aumento do número dos terceirizados agrava ainda mais a situação. A implantação do Programa de Otimização dos Custos Operacionais (Procop), que veio para fomentar ainda mais a terceirização, é a prova da ganância somada a irresponsabilidade das gerências atuais.
O Sindipetro PR/SC protocolou em agosto deste ano um dossiê com mais de 500 páginas no Ministério Público do Trabalho da 9ª Região, denunciando o efetivo insuficiente de trabalhadores, os altos índices de terceirização, sobretudo na manutenção industrial e a redução de custos na conservação dos equipamentos. E, para dar uma resposta à altura ao descaso dos gestores da Repar, o Sindipetro PR/SC irá levar para assembleia uma proposta de greve por tempo indeterminado. Salvar a Petrobrás não é só lutar contra a sua privatização. É lutar, também, contra a terceirização e o sucateamento da manutenção e da operação.
Sindipetro/MG