Reportagem veiculada neste domingo 8 pelo programaFantástico, da TV Globo, diz que documentos vazados pelo ex-consultor de informática Edward Snowden indicam que a rede privada de computadores da Petrobras foi monitorada pela Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA). Além da petrolífera brasileira, os documentos apontam espionagem no Google (no provedor de emails e serviços de internet), na diplomacia francesa e a rede do Swift, cooperativa que reúne mais de dez mil bancos de 212 países e regula as transações financeiras internacionais por telecomunicações.
Para cada um dos alvos existe uma pasta que reúne todas as comunicações interceptadas e os endereços de IP, a identificação de computadores ligados à rede privada, que deveriam estar imunes a esses ataques.
A classificação de segurança do documento é "ultrassecreto", liberado apenas para quem os norte-americanos chamam de "five eyes" (cinco olhos), os cinco países aliados na espionagem: Estados Unidos, Inglaterra, Austrália, Canadá e Nova Zelândia.
A reportagem foi co-elaborada por Glenn Greenwald, o jornalista do The Guardian que teve acesso ao material liberado por Snowden em junho deste ano. A extensão do monitoramento não pode ser dimensionada, segundo o programa, que também diz não poder afirmar se os conteúdos da estatal foram acessados.
Em resposta ao programa, a NSA disse: "Nós não usamos nossa capacidade de espionagem internacional para roubar segredos comerciais de companhias estrangeiras para dar vantagens competitivas a empresas americanas." A Agência não quis comentar os trechos onde a Petrobras é citada.
A Petrobras informou, por meio da assessoria de imprensa, que não irá comentar suposta espionagem pelos Estados Unidos.
Espionagem à Dilma
Na semana passada, o programa Fantástico havia denunciado que os norte-americanos monitoraram conversas da presidenta Dilma Rousseff com assessores diretos. O governo brasileiro cobrou explicações formais e por escrito dos Estados Unidos.
O material contradiz as afirmações da NSA de que não faz espionagem por motivos econômicos - e reafirmado em nota divulgada essa semana no jornal The Washington Post, onde o Departamento de Defesa, ao qual a NSA está ligada, afirma que nenhum tipo de espionagem econômica é realizado, incluindo o cibernético.
Entretanto, nos documentos é possível observar um treinamento de novos agentes no passo a passo para acessar e espionar redes privadas de computador, redes internas de empresas, governos e instituições financeiras.
Em São Petersburgo, na Rússia, a presidenta Dilma Rousseff disse que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, se comprometeu assumir a responsabilidade direta pela investigação das denúncias de espionagem a dados pessoais dela, de assessores e de cidadãos do Brasil. Os dois tiveram um encontro, paralelo às atividades da 8ª Cúpula do G20.
"Obama assumiu responsabilidade direta e pessoal pela investigação das denúncias de espionagem”, disse Dilma antes de embarcar de volta para o Brasil. "O presidente Obama se comprometeu a responder ao governo brasileiro até quarta-feira 11 o que ocorreu".
Carta Capital