O lucro líquido do Itaú Unibanco cresceu 4,83% no primeiro semestre de 2013 em relação a igual período de 2012, atingindo R$ 7,055 bilhões. Trata-se do segundo maior lucro da história dos bancos brasileiros, só ficando atrás de outro recorde do próprio banco no ano de 2011 (R$ 7,133 bilhões). O balanço foi divulgado nesta terça-feira (30).
Apesar de todo esse resultado gigantesco, o Itaú continuou reduzindo postos de trabalho. Apenas no primeiro semestre, foram cortados 2.264 empregos no Brasil, dos quais 1.556 no segundo trimestre. Já nos últimos 12 meses o enxugamento foi de 4.458 funcionários. Assim, em junho de 2013, o quadro caiu para 88.059 empregados.
Celio Romeu dos Santos, dirigente sindical e funcionário do Itaú, considera inaceitável o Itaú ter batido seu próprio recorde de lucro da história dos bancos brasileiros e, ao mesmo tempo, manter a redução dos postos de trabalho. “É inadmissível a postura de aumento do número de demissões anualmente. Com a rentabilidade que tem, o Itaú deveria estar oferecendo melhor plano de carreira aos seus funcionários, aumento real de salários e melhores condições de trabalho. Mas não, a direção segue atrás de mais lucros.”
Não é à toa que o banco liderou no primeiro semestre deste ano as reclamações de consumidores do setor financeiro na Fundação Procon. “Metas abusivas aos funcionários sem melhor distribuição da PLR geram um faturamento cada vez maior, obviamente", criticou Celio referindo-se à falta de uma divisão mais justa da lucratividade.
Aumento das tarifas
Conforme análise do Dieese, o resultado anual foi influenciado pela queda de 3,5% do Produto Bancário, que representa as rendas das operações bancárias e de seguros, mas compensada pelo aumento significativo de 21,6% das Receitas de Prestação de Serviços e Tarifas.
Houve também redução de 20,6% nas despesas em Provisões para Devedores Diversos (PDD). A taxa de inadimplência (atrasos acima de 90 dias) do banco caiu 1 ponto percentual, de 5,2% para 4,2% no primeiro semestre de 2013.
Já o retorno anualizado (rentabilidade sobre o patrimônio líquido médio) alcançou 19,3% no primeiro semestre, uma queda de 0,4 ponto percentual nos últimos 12 meses.
Em junho de 2013, o patrimônio líquido do banco manteve-se praticamente estável em 0,19%, totalizando R$ 75,781 bilhões. Em relação ao total de ativos, o crescimento foi de 19%, somando ao final do período R$ 1,059 trilhão.
Expansão do crédito
A carteira de crédito total alcançou o saldo de R$ 467,514 bilhões, com crescimento de 7,7% em relação ao 1º semestre de 2012, e de 2,5% em relação ao 1º trimestre.
No segmento de pessoas físicas, com variação de 5%, os destaques foram os crescimentos nas carteiras de crédito consignado e imobiliário, com evoluções de 58,6% e 32,4% no período de 12 meses, respectivamente.
O destaque negativo foi a carteira de veículos, que teve queda de 19,9% em relação a junho de 2012. Já para a carteira de pessoas jurídicas o crescimento foi de 7,3%, com destaque para a carteira para as grandes empresas que aumentou 15,8%.
Receita de tarifas x despesas de pessoal
As receitas de prestação de serviços e tarifas bancárias apresentaram crescimento significativo de 13,5%, atingindo R$ 11,446 bilhões no primeiro semestre. Somente com esta receita, o Itaú Unibanco cobre 155% do total das despesas de pessoal. Há um ano, essa cobertura era menor (147,6%). Isso ocorre porque o Itaú continua reduzindo, sistematicamente, seu quadro de trabalhadores.
Milhões para altos executivos
Enquanto reduz empregos, o Itaú lidera a remuneração milionária dos altos executivos, superando o Santander e o Bradesco, que também pagam milhões de reais por ano para o alto escalão.
Segundo levantamento do Dieese, com base em dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), cada diretor do Itaú ganhou, em média, R$ 9,05 milhões em 2012, mais do que o do Santander, que recebeu R$ 5,63 milhões e o do Bradesco, que embolsou R$ 5,01 bilhões. Já o bancário do piso salarial recebeu apenas R$ 38,64 mil no ano passado.
Isso significa que um diretor do Itaú ganhou, em média, 234,27 vezes mais que um funcionário recebe com o piso. No Santander, o executivo ganhou 145,67 vezes o piso.
SindBancários