* Felipe Pinheiro
No dia 12, foi anunciado pela Petrobrás novo corte em investimentos de 24,5% (US$ 32 bi) para os próximos quatro anos. No mesmo dia em que os preços do barril do petróleo alcançaram o pior patamar nos últimos 12 anos. As ações da empresa despencaram.
A empresa está com uma dívida alta, resultado de anos de amplo investimento e do controle de preços dos combustíveis que - embora tenha evitado reajustes na gasolina e fortes impactos na inflação - acarretaram prejuízos para a estatal. A crise tem a ver com a forte redução do preço do petróleo, apesar dos recordes de produção. Como se não bastasse, a Operação Lava Jato afetou a imagem da Petrobrás e provocou atrasos em várias obras.
No entanto, ser realista não significa comprar o discurso apocalíptico da mídia, do mercado ou da companhia. Temos uma grande preocupação quanto às consequências dessa situação sobre os empregos em toda a cadeia industrial do petróleo. Defendemos a recuperação da empresa para que ela siga crescendo, gerando emprego, renda e tecnologia, mas não aceitaremos a velha receita neoliberal: privatização e chicote no lombo do trabalhador. É responsabilidade do Governo Federal ajudar a empresa que tanto faz bem para a sua economia, garantindo que não voltemos aos tempos sombrios da década de 1990. O remédio proposto pela atual direção da Petrobrás para os próximos anos pode, inclusive, matar o paciente!
Nesse sentido, o anúncio de mais cortes em investimentos e possíveis vendas de setores da empresa, como Transpetro e BR Distribuidora, são um desrespeito aos trabalhadores e um ataque à soberania do país. A Petrobrás, como estatal, deve servir aos interesses de seu maior acionista: o povo brasileiro!
* Felipe Pinheiroé diretor de comunicação do Sindipetro/MG