Nov 24, 2024

Presidente da CUT-RS denuncia: “A agenda dos golpistas é contra os trabalhadores”

Claudir Nespolo*

 

Acusado com provas substanciais de manter diversas contas na Suíça e de ter recebido propina de banqueiros, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, num gesto de desespero para não ser cassado por corrupção, resolveu chantagear o governo da presidenta Dilma, acolhendo o requerimento da oposição para abrir um processo de impeachment. O pedido foi feito pelos inimigos históricos da classe trabalhadora. Veja:

1. Os golpistas do impeachment são os mesmos que querem instituir a TERCEIRIZAÇÃO SEM LIMITES, através da PLC 30/2015, oriundo do famigerado PL 4330, já aprovado na Câmara, agora em tramitação no Senado. Com isso, ELLES querem precarizar o trabalho, reduzir salários, cortar direitos trabalhistas e esfacelar a organização sindical dos trabalhadores.

2. Os golpistas do impeachment são os mesmos que defendem abertamente a FLEXIBILIZAÇÃO das leis trabalhistas, incluindo a prevalência do negociado sobre o legislado, que foi barrada na Câmara, e a IDADE MÍNIMA PARA A APOSENTADORIA, prejudicando quem começou a trabalhar mais cedo.

 3. Os golpistas do impeachment são os mesmos que querem o fim da POLÍTICA NACIONAL DE VALORIZAÇÃO DO SALÁRIO MÍNIMO, responsável por um aumento real de 70% nos últimos 12 anos, considerada como o maior instrumento de enfrentamento das desigualdades, mas ELLES afirmam que não é compatível com a “produtividade” do Brasil.

4. Os golpistas do impeachment são os mesmos que condenam a “gastança” do governo em programas como BOLSA FAMÍLIA, PRONATEC, PROUNI, MAIS MÉDICOS e tantos outros dirigidos aos pobres que antes não tinham vez.

5. Os golpistas do impeachment são os mesmos que apoiam o FIM DO REGIME DE PARTILHA DO PRÉ-SAL, através do PLS 131/2015, apresentado pelo senador José Serra (PSDB), pois são contra a utilização dos recursos do PRÉ-SAL PARA A SAÚDE E A EDUCAÇÃO do povo brasileiro. Também são contrários ao CONTEÚDO NACIONAL na produção de equipamentos para o PRÉ-SAL, o que foi responsável pela reativação da indústria naval brasileira, o gerou milhares de empregos.

6. Os golpistas do impeachment são os mesmos que combatem a TAXAÇÃO DAS GRANDES FORTUNAS e o FIM DO FINANCIAMENTO EMPRESARIAL DAS CAMPANHAS ELEITORAIS, uma das principais fontes da corrupção no Brasil.

7. Os golpistas do impeachment são os mesmos que estão envolvidos com os esquemas históricos de corrupção e TENTAM IMPEDIR QUE CONTINUEM AS INVESTIGAÇÕES, pois a lei anticorrupção que permite a prisão de corruptores é de 2012, assinada pela presidenta Dilma. ELLES gostariam que a corrupção fosse jogada para debaixo do tapete, como acontecia historicamente no Brasil.

8. Os golpistas do impeachment são os mesmos que protegem a meia dúzia de famílias que controlam os meios de comunicação no país, que definem o que deve ser discutido ou ignorado, que FALSEIAM E MANIPULAM AS INFORMAÇÕES e que jogam com a desinformação do povo como veremos fartamente nos próximos dias, quando estimularão a ida de pessoas para as ruas pelo golpe e depois farão cobertura de forma cinematográfica para criar um ambiente favorável aos golpistas.

9. Os golpistas do impeachment são os mesmos que querem aprovar um conjunto de violações aos direitos das mulheres, a redução da maioridade penal e o estatuto da família, dentre outros itens da pauta conservadora, na tentativa de ELIMINAR AVANÇOS NOS DIREITOS SOCIAIS e no respeito à diversidade.

É verdade que temos broncas com itens da política econômica do governo Dilma, Por diversas vezes ocupamos as ruas com as pautas dos trabalhadores, fazendo greves e mobilizações. Mantemos as críticas à agenda do ministro Levy, que tem gerado desemprego. Todavia, não temos dúvidas em afirmar que, o que poderá vir se os golpistas do impeachment tiverem êxito, é imensamente pior para a classe trabalhadora e à democracia brasileira.

Conclamamos os lutadores e às lutadores do movimento sindical, do campo e da cidade, e todos os movimentos sociais comprometidos com um país mais justo e igualitário, a disputar a opinião nos locais de trabalho e tomar as ruas para enfrentar democraticamente o ódio e a intolerância de quem não se conformou com o resultado das eleições e tenta mais uma vez emplacar o terceiro turno.

Estamos atravessando a maior luta de classes na história do Brasil. É preciso desmascarar os interesses que representam os golpistas do impeachment e cumprir o nosso papel de representantes classistas para organizar e orientar os trabalhadores, a fim de impedir o golpe e o retrocesso.

(*) Claudir Nespolo é presidente da Central Única dos Trabalhadores do RS

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