Os petroleiros gaúchos realizaram, no sábado (26), uma paralisação de 24 horas contra o desmonte que vem sendo promovido pelo governo Michel Temer (MDB) e Pedro Parente na Petrobrás. Para a categoria, esta política adotada a partir do golpe em 2016, é responsável pela política de preços desastrosas dos combustíveis, que resultou na greve dos caminhoneiros que está paralisando o país.
Em assembleia realizada em torno das 7 horas em frente à Refinaria Alberto Pasqualini (REFAP), os petroleiros deliberaram -) por paralisar por oito horas e, na parte da tarde, em nova assembleia, decidiram estender o movimento por 24 horas, até às 7h da manhã de domingo (27), quando realizarão nova assembleia votação para definir o movimento.
Segundo a diretora de Política Sindical e Formação do SINDIPETRO-RS, Mirian Ribeiro Cabreira, o movimento dos petroleiros vem sendo construído desde as assembleias, que aprovaram a greve por mais de 93% dos trabalhadores. “Neste sábado realizamos corte na rendição de turno contra a política de preços de combustíveis adotada pela empresa, que foca no mercado e joga a conta para a população com aumentos abusivos dos combustíveis e do gás de cozinha”, alertou a dirigente. Com a decisão, os trabalhadores permaneceram do lado de fora da REFAP durante todo o dia.
Pauta comum
A dirigente alertou que o desmonte que vem sendo promovido pela gestão Temer/Pedro Parente tem o claro objetivo de privatizar a Petrobrás, que vem sendo realizada partes e que agora chega às refinarias. E os altos preços dos combustíveis é para tornar a empresa mais atraente para o capital privado. Além disso, a redução da produção nas refinarias também impacta nos preços, já que a Petrobrás vem reduzindo o refino e importando produtos refinados.
Neste ponto, a pauta é comum entre os caminhoneiros e petroleiros e por isso, houve uma mobilização de apoio da categoria aos motoristas paralisados. Uma das lideranças do movimento de caminhoneiros disse que a mobilização da categoria não é só pelo óleo diesel, mas pela baixa de todos os combustíveis. “A luta é por todos os brasileiros”, afirmou ele.
De fato, desde julho de 2017, os reajustes nas refinarias passaram a ser diários. Desde então, a Petrobrás alterou 230 vezes os preços nas refinarias, com aumentos de mais de 50% na gasolina e diesel, enquanto os preços do GLP tiveram 60% de reajuste. “A Petrobrás vem sendo administrada para atender exclusivamente aos interesses do mercado”, tem dito o presidente do Sindicato dos Petroleiros do RS (SINDIPETRO-RS), Fernando Maia.
Esta situação, segundo Maia, deverá ser agravada se o refino for entregue para a iniciativa privada, conforme alertou em audiência pública realizada na Câmara de Vereadores de Esteio na quinta-feira (24). Ele lembrou que em 2013, a Petrobrás tinha capacidade de atender 90% da demanda interna de combustíveis. Em 2017, esse percentual caiu para 76% e hoje, de forma deliberada e intencional, o próprio governo reduziu a produção das refinarias. No caso da REFAP, a planta trabalha hoje com 67% de sua capacidade de produção. Enquanto isso, os derivados importados já representam 24% do mercado nacional. Ou seja, a cada 10 litros de gasolina vendidos no Brasil, 2,5 litros são importados.
“A Petrobrás tem capacidade para abastecer integralmente o País com diesel, gasolina e gás de cozinha a preços bem abaixo do mercado internacional. É uma opção política e este governo optou pelo mercado”, disse o dirigente.
A greve que vem sendo construída pelos petroleiros tem como eixos a redução dos preços dos combustíveis e do gás de cozinha; a manutenção dos empregos e retomada da produção interna de combustíveis; o fim das importações da gasolina e outros derivados de petróleo; e contra as privatizações e desmonte do Sistema Petrobrás.
Segundo Maia, os trabalhadores irão fazer uma greve maior do que as dos tempos das privatizações de Fernando Henrique. “A greve será pela redução dos preços do gás de cozinha, da gasolina e do diesel. Uma greve pela retomada da produção de combustíveis nas refinarias brasileiras e pelo fim das importações de derivados de petróleo. Uma greve contra o desmonte e a privatização de uma empresa que é estratégica para a Nação”, concluiu.