Em protesto pela morte de mais dois trabalhadores, vítimas de acidente no Sistema Petrobrás, a FUP e a FNP realizaram atos em diversas unidades da empresa, na manhã desta sexta-feira (29). O Dia Nacional de Luta, em defesa da vida e por basta à insegurança crônica que tem adoecido e matado trabalhadores e trabalhadoras, foi convocado após o acidente ocorrido na quarta-feira (27) no Terminal da Transpetro, em Angra dos Reis (RJ). Dois petroleiros morreram e outro foi gravemente ferido.
Há pouco mais de um mês, uma sequência de óbitos causados por acidentes de trabalho e situações de insegurança na empresa já havia revoltado a categoria. Foram três vidas perdidas nos dias 05, 07 e 08 de outubro. Assim como o acidente desta semana, todas as vítimas eram prestadoras de serviço, cujas condições de trabalho precárias vêm sendo denunciadas constantemente pelas entidades sindicais.
Seja nas mobilizações, nas assembleias de base ou nas negociações com a Petrobrás e subsidiárias, a categoria tem denunciado os riscos constantes causados pelo acúmulo de funções, pelas dobras quase que diárias, falta de treinamento adequado, assédios e tantas outras situações de insegurança. Além de estarem muito mais expostos a acidentes, os trabalhadores sofrem impactos diretos na saúde física e mental.
Não é de hoje que a FUP e a FNP têm cobrado mudanças na gestão de SMS, recomposição dos efetivos, além de melhorias nas condições de trabalho dos prestadores de serviço. Tudo isso foi relato diretamente à diretora da Petrobrás, Clarice Coppetti, em reunião realizada no dia 15 de outubro. Na ocasião, a empresa se comprometeu em criar um Grupo de Trabalho específico para tratar das questões relativas à segurança na prestação de serviços, além de atender parte das demandas das federações para a realização dos Fóruns de Efetivo e de Prestação de Serviço, de forma a buscar efetividade nas resoluções.
Nos atos desta sexta, a categoria petroleira novamente cobrou um basta às mortes e mudanças imediatas nas políticas de contratação e de SMS. As lideranças sindicais reforçaram que os acidentes constantes no Sistema Petrobrás estão diretamente ligados à falta de investimento e à negligência na gestão de SMS. Nas bases da FUP, as mobilizações foram realizadas nos terminais da Transpetro de Itajaí (SC), de Campos Elíseos (Duque de Caxias/RJ), de Suape (PE) e de Cabiúnas (Macaé); na Lubnor (CE), na Recap (Mauá/SP), na Regap (MG), na Refap (RS), na Fafen Araucária (PR), em Taquipe (BA) e nas plataformas P-25 e P-54, na Bacia de Campos (Norte Fluminense/RJ).
Os atos tiveram participação dos trabalhadores prestadores de serviço e foram marcados por muita comoção. Na maioria das bases, a categoria realizou um minuto de silêncio e orações pelas vítimas.
“Estamos falando de companheiros que não voltaram para casa porque foram vítimas de uma política de insegurança que se arrasta. Não foi a toa que nos últimos anos, parte da política de desmonte da Petrobrás foi também desmontar as condições de trabalho”, ressaltou Pedro Augusto, diretor da FUP e do do Sindipetro Unificado, druante o ato na Recap. “A gente sabe que os mais impactados são os nossos companheiros contratados. Dessas cinco mortes, as cinco são de companheiros contratados, petroleiros que são do setor privado, que assim como cada um que está aqui é fundamental para fazer essa empresa funcionar”, afirmou.
Em ofício enviado à FUP e à FNP, a Petrobrás agendou para a próxima semana uma reunião para discutir as condições de trabalho e de SMS nas prestadoras de serviço. A reunião será no dia 04 de dezembro, às 14h, no Rio de Janeiro, com participação presencial e online. Nessa mesma semana, nos dias 02 e 03/12, a empresa retomará as negociações sobre remuneração variável que foram suspensas pelas federações, após o acidente fatal na Transpetro.
Nas assembleias que rejeitaram a primeira proposta de PLR do Sistema Petrobrás, a categoria petroleira aprovou uma pauta emergencial de SMS para ser tratada com a empresa. Veja a seguir:
FUP