Representantes da categoria petroleira  e sindicatos de diversas categorias que estão desenvolvendo um intenso movimento pela reinstalação das Comissões nacional, estaduais e regionais do Benzeno estiveram, na manhã dessa terça-feira, 17 de setembro, reunidas no auditório do Sindipolo, em Porto Alegre, para debater a utilização do produto nos processos de produção e o perigoso limite de tolerância que vem sendo discutido em nível nacional. Além dos sindicalistas, participaram do encontro, que ocorreu de forma híbrida, representantes da CUT, da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE-RS), da Fiocruz, da Fundacentro, da CNQ, do Instituto do Trabalho Digno, o deputado estadual Miguel Rossetto, bem como sindicalistas e ativistas que debatem o tema há mais de 20 anos, quando foi construído o Acordo Nacional do Benzeno. Também foram lembrados alguns lutadores que faleceram vítimas do cancerígeno.

O encontro teve como tema “Encontro Preparatório à Reinstalação da Comissão do Benzeno – Restabelecimento das comissões estaduais e nacional e a implantação de um perigoso limite de tolerância ao Benzeno”, e foi promovido pelo Fórum Sindical de Saúde do Trabalhador (FSST) e teve como objetivo, informar, atualizar os debates e subsidiar os sindicalistas que irão participar do Debate Público sobre a Regulamentação do Benzeno, que ocorrerá na sexta-feira, dia 20 de setembro, na sede da Fundacentro, em São Paulo.

Em sua fala, o diretor Francisco Russo, que participou da mesa que tratou do tema “Qual o perfil da Comissão (CNPBz) a ser instalada”, lembrou que não se pode esquecer que este debate vem desde os anos 70/80, quando os trabalhadores começaram a discutir os adoecimentos e mortes em função do local de trabalho. Segundo ele, foi a partir de um intenso movimento, com participação da sociedade civil, da sociedade científica, do movimento sindical e instituições de governo, que foi instalada a Comissão Nacional Permanente do Benzeno. “Foram vários anos discutindo e nessa caminhada, não podemos deixar no esquecimento os grandes batalhadores que estiveram junto e que nos deixaram, como o petroleiro paranaense Jaime Ferreira (que faleceu de câncer) que batalhou muito quando houve um acidente no Rio Paraná, com vazamento de petróleo e muitos trabalhadores adoeceram em função de aromáticos do Benzeno.
Segundo o Russo, é preciso  levar em conta o que foi construído a partir da CNPBz, como um laboratório novo na Refap, os motores de bombas e amostradores, melhorias essas que foram sendo construídas ao longo de duas décadas. “Temos muitos exemplos para relatar e, principalmente, do conhecimento que o trabalhador veio a ter a respeito dos riscos do Benzeno, bem como de que havia outro jeito de fazer para que houvesse menos exposição. “Esse é o espírito que a gente quer para essa nova Comissão, mostrando o melhor que foi feito, sem esquecer que há outros químicos, mas não há um agente químico tão amplamente utilizado na indústria e na vida das pessoas como o Benzeno”, finalizou ele.

O  também diretor do Sindipetro-RS, Anderson Medeiros, falou sobre o trabalho que vem sendo desenvolvido desde 2023 em nível regional, a evolução para debates nacionais e os trabalhos junto com o Grupo Tripartite de Trabalho, que discutem o anexo 13 da NR-15, às centrais sindicais e outras categorias para evitar a adoção do LEO (Limite de Exposição Ocupacional) em detrimento do VRT (Valor de Referência Tecnológico) o que, para os trabalhadores, representaria um grave retrocesso, o que tem sido referendado também por especialistas.
Medeiros lembrou que o debate será retomado na sexta-feira, dia 20, e convidou todos a participarem. O encontro será presencial, das 9h às 13h, na sede da Fundacentro, em São Paulo, e será transmitido pelo YouTube da instituição. O diretor do Sindipetro-RS participa representando a categoria petroleira e a FUP. O objetivo será disseminar conhecimentos sobre Saúde e Segurança no Trabalho (SST) relacionados ao benzeno e promover o intercâmbio técnico-científico entre os participantes e a instituição e outros órgãos do Governo, e incentivar a discussão em torno de temas relacionados à saúde e segurança dos trabalhadores e o mundo do trabalho.

O diretor do Sindipetro-RS, Alex Frey, atuou na transmissão do encontro pela internet, proporcionando que o debate chegasse a mais pessoas e possibilitando a participação de palestrantes em nível nacional.