Dirigente nacional da CUT e da CNTE, Antonio Lisboa ressaltou que as mobilizações dos dois últimos meses, onde os cutistas dirigiram um processo intenso de greves de servidores federais e estaduais, arrancaram bons resultados, dobrando a intransigência dos que se recusavam a negociar e diziam não ter recursos. “O caminho é esse, é botar a massa na rua para garantir direitos e ampliar conquistas. Com mobilização o dinheiro aparece”, frisou.
VAIA PARA MANTEGA
O vice-presidente da CUT-São Paulo, professor Douglas Izzo, pediu uma vaia para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que falou que os 10% do PIB para a educação iria quebrar o país. “Se há recursos para um volumoso superávit primário, por que não destinar um percentual mais expressivo do Orçamento federal para fomentar a educação”, questionou. A vaia se alastrou pela Esplanada.
A realização da marcha em plena Semana da Pátria, declarou Júlio Turra, da direção nacional da CUT, “demonstra que a independência só pode ser garantida pelos trabalhadores”. “A bandeira da educação unifica o conjunto da classe em apoio à luta dos companheiros da CNTE, da mesma forma que a luta contra a precarização e a terceirização mobiliza os trabalhadores em educação em solidariedade à classe. Esta é uma mobilização que abre caminho para vitórias e destaca a importância do protagonismo do Estado”, frisou Julinho.
PAUTA PELO BEM DO BRASIL
Segundo Claudir Nespolo, presidente da CUT-RS, “a pauta que embala os milhares de manifestantes nesta marcha não é corporativa, é pelo bem do Brasil, pois a aplicação dos 10% do PIB representa mais educação, qualificação, profissionalização, mais desenvolvimento com melhores salários e direitos”. Claudir defendeu ainda a necessidade da redução da jornada de trabalho sem redução de salário, o fim das demissões imotivadas e o direito dos servidores à data-base.
“De Minas Gerais, viemos em 20 caravanas para nos somarmos com todo o Brasil para dizer em alto e bom som que não importa a sigla que nos governe, estaremos mobilizados para fazer valer os nossos direitos”, declarou Beatriz Cerqueira, presidenta da CUT-MG e do SInd-UTE (Sindicato Único dos Trabalhadores da Educação de Minas Gerais). Bia denunciou que o governo estadual tem desrespeitado os trabalhadores mineiros, não pagando o Piso Nacional da Educação e perseguindo as organizações sindicais. “É com unidade e mobilização que vamos conseguir avançar”, asseverou.
Para o presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM), Paulo Kayres, a pressão das ruas tem tido cada vez mais um papel fundamental, como ficou demonstrado pelos avanços obtidos após as mobilizações e greves do setor público. “É preciso que haja sensibilidade do lado de lá. Nós ajudamos a eleger um governo democrático e popular que precisa garantir contrapartidas para a sociedade, como é o investimento na educação pública”, disse.
Vindo de Sidrolândia, no interior do Mato Grosso do Sul, o presidente do Sindicato dos Comerciários e diretor de Juventude da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo do Comércio e Serviços (Contracs), Pedro Mamede, enfatizou que há uma compreensão de que é através da educação que o país terá um crescimento efetivamente sustentável, com qualidade de vida. “Por isso estamos aqui para mostrar ao governo e ao parlamento que a classe trabalhadora quer 10% do PIB para a educação pública, gratuita e de qualidade”.
PRESSÃO NO CONGRESSO
Durante a tarde desta quarta-feira foram marcadas várias audiências com parlamentares, onde os dirigentes da CUT e da CNTE levarão até o Congresso Nacional as suas reivindicações. O presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, disse que além da pauta educacional, as entidades levarão até os deputados e senadores a sua pauta comum pelo fim do Fator Previdenciário, contra a idade mínima para as aposentadorias e a desoneração da folha de pagamento; contra a rotatividade no emprego – pela ratificação da Convenção 158 da OIT; por negociação coletiva no serviço público – regulamentação da Convenção 151 - e a revogação do Decreto 7777 – que institucionaliza a substituição dos servidores grevistas. “Vamos falar firme e pedir urgência em ações contra a precarização do trabalho, no combate às terceirizações e na luta pela igualdade de direitos. Precisamos urgente de trabalho decente”, concluiu Vagner.