Na segunda-feira, 20, os representantes da FUP participaram da reunião da ComCer, em Brasília, cobrando um posicionamento em relação a suspensão cautelar do SPIE da REDUC. Os dirigentes sindicais relataram aos auditores fiscais e demais membros da comissão, as fraudes praticadas pelos gerentes da REDUC, que ocasionaram uma fraude no próprio Serviço Próprio de Inspeção de Equipamentos (SPIE). São estes gerentes os responsáveis pela morte do companheiro Cabral, em janeiro de 2016.
Com a morte do companheiro Cabral, só ficou mais evidente as fraudes nos relatórios de inspeção que deveriam ser realizados pelo SPIE. Infelizmente, Cabral foi mais uma vítima do descaso e da irresponsabilidade dos gestores da Petrobrás.
O Sindipetro Caxias há anos vem denunciando a negligência da empresa. Em documento protocolado no dia 7 de dezembro de 2015, e encaminhado à REDUC, COMCER, IBP, MTE, ANP, MPT e FUP, o Sindicato se posicionou contra o processo tendencioso dos técnicos do IBP. Em nota publicada no site www.sindipetrocaxias.org.br o presidente do Sindicato, Simão Zanardi, afirmou: “para nós, o SPIE não atende mais às necessidades dos trabalhadores e do sindicato devido ao seu aparelhamento aos interesses da empresa”.
Devido a essas fraudes no relatório, a REDUC corre o risco de perder o SPIE. Isso pode acarretar em uma enorme despesa para a empresa, já que sem a inspeção própria de equipamentos, são necessárias que novas inspeções sejam realizadas mesmo quando não há necessidade. O ideal é que as manutenções sejam realizadas de acordo com a demanda que cada equipamento exige. Porém, com as fraudes do SPIE, não havia inspeções de qualquer espécie.
Luis Augusto Cabral, técnico de operação da Reduc, faleceu no dia 31 de janeiro desse ano. Cabral caiu dentro de um tanque, cuja temperatura era de 75º C. O teto corroído do reservatório cedeu, quando o operador subiu para aferir o nível de armazenamento.
Em 2013, durante uma inspeção de equipamentos na refinaria, foi recomendada a troca do teto do tanque onde o operador morreu. Em 2014, o Ministério do Trabalho interditou vários desses reservatórios devido ao nível acentuado de corrosão nas escadas de acesso e nos tetos. Ou seja, o que aconteceu na Reduc foi muito mais do que um acidente grave de trabalho. Foi um crime. O Artigo 132 do Código Penal é claro: "expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente" é crime! Quantas mortes mais serão necessárias para que os gerentes percebam que não podem colocar a vida dos trabalhadores em risco em nome do lucro?