Nov 29, 2024

Assessoria jurídica contesta dados salariais apresentados pela Petrobrás no Dissídio da RMNR

Nessa segunda-feira, 15 de dezembro, os sindicatos ligados à FUP se manifestaram nos autos do DCNJ 23507-77.2014.5.00.0000, que tramita no Tribunal Superior do Trabalho (TST), onde a Petrobrás tenta reverter a posição dos ministros sobre o tema RMNR.

Na última audiência, após a juntada de documentos pela Petrobrás, onde a Empresa alegava a existência de salários milionários e impacto enorme na folha salarial, caso o TST mantenha sua posição sobre a forma de cálculo do complemento da RMNR, os sindicatos tiveram prazo para contestar tais números e argumentos. Os dados foram totalmente questionados. A Petrobrás busca como exemplo um grupo pequeno de trabalhadores que, por uma série de circunstâncias, a principal delas o efetivo insuficiente e necessidade de realização de horas extras, os quais  receberiam valores mais elevados. As assessorias destacaram que essa não é a média salarial, ao contrário, além de demonstrar que os salários praticados na Petrobrás estão bem abaixo do mercado internacional. O impacto no contracheque de cada empregado e na folha é muito inferior ao afirmado pela empresa. A Petrobrás usa de má-fé, já denunciada desde a 1ª audiência, tentando influenciar os ministros com números inflados e irreais.

Por fim, foi requerido pelos advogados a realização de perícia contábil na folha da empresa. Após a manifestação dos sindicatos, o vice-presidente sorteará um relator que analisará o processo, incluindo nossos requerimentos, e que futuramente apresentará seu voto aos demais intergrantes da SDC (Seção de Dissídio Coletivo). O TST entra em recesso no dia 20 de dezembro e só retoma suas atividades no dia 02 de fevereiro de 2015.

O mercado não destruirá a Petrobrás

A absurda guerra especulativa que derrubou as ações da Petrobrás traz de volta ao centro do debate político o projeto de lei construído pela FUP e movimentos sociais para transformar a estatal em uma empresa 100% pública. A proposta foi apresentada ao Congresso Nacional em 2009, onde tramitou em conjunto com os projetos do governo Lula que estabeleceram um novo marco regulatório para o pré-sal. Desde 2011, o projeto dos petroleiros (PLS 531/2009) está parado na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado (CCJ), aguardando distribuição.

“Nunca foi tão necessário que o Estado brasileiro aumente sua participação no controle acionário da Petrobrás e resgate a empresa do capital especulativo”, ressaltou o coordenador da FUP, José Maria Rangel, lembrando que o mercado sempre tentou pautar a empresa e o governo. “Esses ataques se arrastam desde o ano passado, com a tentativa de imposição da paridade internacional dos preços de combustíveis. É sempre o mesmo discurso de que a Petrobrás não tem capacidade de se financiar e por isso não pode ser a operadora única do pré-sal”, comenta Zé Maria, destacando que o movimento sindical petroleiro irá atuar junto com os parlamentares do campo da esquerda para resgatar o PLS 531/2009 e lutar para que seja aprovado.

Até o economista Delfim Neto tem reiterado o posicionamento da FUP de que a Petrobrás tem condições de superar a crise que lhe impuseram e que seus trabalhadores precisam ser respeitados. Em artigo recente na revista Carta Capital, ele destacou que, a despeito de todos os problemas que a estatal atravessa, “a Petrobrás técnica, aquela que inova, que extrai petróleo, que é fator decisivo no progresso da economia nacional, tem aumentado a oferta do petróleo extraído do pré-sal”. A empresa é a única petrolífera do mundo com expressivo crescimento de reservas e produção. Além disso, “ampliou sua capacidade de refino, reduziu o valor das nossas importações e deu algum alívio à balança comercial brasileira”, lembra Delfim Neto, destacando que os trabalhadores da Petrobrás merecem respeito e serão o “suporte da necessária e segura superação da tragédia que a sedução político-partidária irresponsável lhe impôs”.

Além de reestruturar a Petrobrás para que seja 100% pública e estatal, o projeto de lei construído pela FUP e movimentos sociais restabelece o monopólio da empresa sobre todas as atividades da industria de petróleo e gás, bem como a retomada dos blocos exploratórios que foram leiloados sob o regime de concessão. O PLS 531/2009 também prevê a constituição de um Fundo Social Soberano para que todos os recursos excedentes do petróleo sejam aplicados em políticas públicas que atendam as necessidades do povo brasileiro.

FHC entregou 36% das ações da estatal

Não se pode perder de vista que o atual ataque especulativo que a Petrobrás sofre, além de ter motivações políticas, é também efeito colateral do projeto de privatização conduzido por Fernando Henrique Cardoso entre 1995 e 2002. Além de quebrar o monopólio da empresa, o governo tucano entregou 36% do seu capital acionário ao setor privado, derramando no mercado 180 milhões de ações da estatal, das quais 60% foram adquiridas por investidores estrangeiros na Bolsa de Nova Iorque.

Desde então, a Petrobrás passou a responder a Wall Street, muitas vezes tendo que contrariar interesses do povo brasileiro para se submeter às regras do mercado financeiro norte-americano. Neste processo de internacionalização, a empresa perdeu o acento agudo no brás (mantido pela FUP) e quase virou Petrobrax.

Mercado está de olho no pré-sal

Para a FUP, está cada vez mais claro que o mercado é que está dando o tom da campanha de desmoralização da Petrobrás,com objetivos nitidamente políticos e econômicos. “As máscaras estão caindo. O que eles querem é desconstruir a lei da partilha, tirar da Petrobrás o papel de operadora única do pré-sal e entregar às multinacionais essas reservas bilionárias”, revela Zé Maria, ressaltando que 2015 será um ano de lutas intensas. “Vamos colocar de volta nas ruas o projeto dos movimentos sociais por uma Petrobrás 100% pública”, destacou.

FUP

Transpetro repete Petrobrás e ajuíza dissídio coletivo contra os sindicatos buscando derrubar decisões da RMNR

A TRANSPETRO, seguindo os passos da Petrobrás, ajuizou no dia 12 de dezembro um processo idêntico de Dissídio Coletivo de Natureza Jurídica – com o mesmo objetivo: alterar a posição do TST no tema “complemento da RMNR”.

Estava marcada audiência no Tribunal para está sexta-feira, 19 de dezembro, a qual terminou sendo adiada para o dia 27 de janeiro. Os sindicatos já começam a preparar suas defesas. Agora a batalha pela RMNR se estende a todas as frentes- Petrobrás e Transpetro.

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