Nov 29, 2024

A prestação de contas desastrosa da Petrobras

Os jornalões estão incorrendo em um ridículo intencional ao estimar a corrupção da Petrobras em R$ 88 bilhões. Foram auxiliados pela maneira desastrada com que a empresa está calculando e anunciando o “Impairment” no seu balanço.

A Força Tarefa do Lava Jato levantou dois números: a taxa de propina (paga pelos fornecedores) era de 3%; até agora o valor total das propinas foi de R$ 2,1 bilhões. Se aplicar os 3% sobre todos os investimentos do período Paulo Roberto Costa, chega a R$ 4,5 bilhões – quantia elevadíssima mas longe dessa ficção dos R$ 88 bilhões.

Os R$ 88 bilhões do teste do Impairment nada tem a ver com corrupção. Trata-se de um teste estimando o valor real de um ativo calculado em cima da projeção de resultados dele.

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Um exemplo:

  1. O sujeito tem uma fábrica de cueca que dá lucro de R$ 100 mil por ano.

  2. Ele define um prazo de, digamos, 10 anos, e uma taxa de juros compatível com o mercado. Digamos, de 10% ao ano.

  3. Nesse caso, o valor do ativo (a fábrica de cuecas) será de R$ 614,5 mil.

Aí ocorre uma crise qualquer e derruba em 20% o resultado da companhia. Com R$ 80 mil de lucros anuais, o valor da empresa cai para R$ 491,6.

O teste do “Impairment” consiste em adequar o valor do ativo à nova situação. Mas não se faz automaticamente. O diretor da companhia chama o auditor e pondera: o mercado caiu 20% hoje mas pode se recuperar no próximo ano. E trata de incorporar gradativamente a diferença.

A diferença entra como ativo diferido e é tratada como despesa – ajudando a abater o Imposto de Renda devido.

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O “Impairment” da Petrobras foi de R$ 88 bilhões. Significa que houve uma redução das expectativas de lucros de um grande conjunto de investimentos.

Parte dessa redução decorreu de gastos excessivos em alguns investimentos. Mas a maior parte foi decorrente da mudança do cenário econômico, com queda dos preços de petróleo, mudança no perfil de consumo etc.

Houve queda nos preços internacionais do petróleo que impactaram o pré-sal e derrubaram o valor potencial dos investimentos.

Suponha o seguinte, bem grosso modo para entender a lógica do “Impairment”.

  1. O custo de extração do barril do pré-sal é de US$ 40,00.

  2. A cotação internacional do barril está em US$ 120,00.

  3. A cotação cai para US$ 50. Nesse caso o teste do “Impairment” iria definir uma baixa de quase 88% nos ativos do pré-sal.

  4. Aí o mercado se recupera e a cotação vai para, digamos, US$ 70. Nesse caso, o teste iria exigir um aumento de 200% no valor dos ativos.

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Por isso mesmo, nenhuma grande empresa lança de uma vez todo o ajuste do “Impairment” no balanço. E nem anuncia aos quatro ventos, como fez a diretoria da Petrobras.

Simplesmente chamaria o auditor interno e o externo, discutiria com eles e definiriam em conjunto uma maneira gradativa de incorporar o “Impairment” ao balanço, levando em conta o fato de que os cenários futuros são voláteis.

O mercado torcia por um ajuste radical porque todos esses valores seriam levados à conta de despesas, reduzindo drasticamente o Imposto de Renda nos próximos balanços – e, obviamente, aumentando os lucros.

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Dilma precisa tirar o tema Petrobras do caminho para começar a governar. E não será com prestações de conta desastrosas que o tema desaparecerá do noticiário.

 

Luis Nassif - Jornal GGN

Segundo turno do C.A começa neste sábado, 31

Começa neste sábado, 31, o segundo turno da eleição para o representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Petrobrás. A FUP e seus sindicatos apoiam o candidato Deyvid Bacelar, que ganhou a maioria dos votos no primeiro turno.

Em debate exibido pela Web TV da Petrobrás na quinta-feira, 29, Deyvid Bacelar mostrou que está mais preparado para ser o representante dos trabalhadores na instância de decisão mais importante da empresa.

O candidato apoiado pela FUP, Deyvid Bacelar, agradeceu os votos recebidos no primeiro turno e destacou suas principais propostas ao C.A, como estabelecer um canal de comunicação direto com a categoria seja presencialmente ou virtualmente (site, e-mail e facebook) a fim de prestar contas da atuação no conselho; levar para dentro do Conselho de Administração e do Comitê de SMS do mesmo, as demandas colocadas pelos trabalhadores e trabalhadoras sobre as questões de saúde, meio ambiente e segurança; dar continuidade à atuação  junto ao Congresso Nacional para a implementação do projeto de lei que permite a ampliação do mandato para dois anos e a participação do Representante dos Empregados da Petrobrás nas discussões de temas referentes ao Acordo Coletivo de Trabalho e Previdência Complementar.

 

Vote em trabalhador que defende trabalhador

Em entrevista ao programa “Entre Aspas”, exibido na Globo News na última semana, o atual representante dos trabalhadores no C.A da Petrobrás, Silvio Sinedino, mais uma vez mostrou que a defesa dos trabalhadores da maior empresa de energia do país não é o seu forte. Quando questionado pela jornalista Mônica Waldvogel, se todos os petroleiros são corruptos, Sinedino se limitou a falar por si: “eu não roubo e nem sou corrupto”, respondeu.

Agora a pergunta é: o que deve fazer o representante dos trabalhadores no conselho de administração de uma empresa, a não ser defender os direitos, os interesses e honra dos trabalhadores que o elegeram?

É exatamente isso que a FUP e seus sindicatos chamam a reflexão: Como um candidato eleito por trabalhadores não defende a categoria, justamente num momento de extrema gravidade, pelo qual a maior parte dos petroleiros está sendo confundida com uma gama de funcionários envolvidos nos escândalos de corrupção já conhecidos por todo o país e que não representa a totalidade de trabalhadores da Petrobrás?

A FUP e seus sindicatos filiados acreditam que o representante da categoria no C.A deve não só ter capacidade de diálogo e negociação, mas a firmeza em defender o interesse e a honra dos petroleiros, sem se deixar confundir com um ente querido do mercado, que se omite perante aos questionamentos da imprensa golpista e diz amém às suas acusações.

Para assistir a exibição do programa, acesse este link: https://www.youtube.com/watch?v=LNuIrU2r8AM

 

Justiça determina quebra de sigilo de ex-presidente da Petrobrás

A 5ª Vara de Fazenda Pública da Justiça do Rio de Janeiro determinou na quarta-feira (28) o arresto (bloqueio) de bens do ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli e do ex-diretor da estatal Renato de Souza Duque, bem como a quebra de seus sigilos bancário e fiscal. A medida também atinge a construtora Andrade Gutierrez e outros executivos da Petrobras: Pedro José Barusco Filho, José Carlos Villar Amigo, Sérgio dos Santos Arantes, Alexandre Carvalho da Silva, Antônio Perrota Neto e Guilherme Neri.

O pedido foi feito pela 5ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa da Cidadania, do Ministério Público Estadual. A solicitação também se estendia à própria Petrobras, mas isso foi negado pela Justiça.

Segundo a decisão da Justiça, há indícios de “sucessivas e superpostas contratações em benefício da Andrade Gutierrez”, pela Petrobras, com sobrepreço e superfaturamento em contratos para ampliação e modernização do Centro de Pesquisas da estatal, o Cenpes. Além disso, segundo a Justiça, houve falta de transparência na seleção da Andrade Gutierrez para os contratos.

Ainda de acordo com o despacho da juíza Roseli Nalin, auditorias do Tribunal de Contas da União encontraram indícios de superfaturamento de R$ 31,5 milhões.

 

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