No último dia 03, os trabalhadores da Reduc vivenciaram um acidente que trouxe à tona a forma irresponsável e leviana com que as gerências da Petrobrás ainda lidam com as questões de segurança e, consequentemente, com a vida dos petroleiros. A explosão de uma válvula de oito polegadas em uma linha de vapor de baixa pressão da U-1320, unidade do setor de Energia e Termoelétrica, esfacelou a peça de ferro fundido, cujos estilhaços atingiram um técnico de operação, que sofreu traumatismo bucomaxilar.
Segundo relatos dos operadores da Reduc, várias válvulas de ferro fundido vêm apresentando problemas, inclusive trincas, em função da baixa resistência desse material à pressão e temperatura. Mas, além de desprezar os alertas dos trabalhadores, a gerência da refinaria ainda tentou negara explosão da válvula, desqualificando o acidente como sem afastamento, sob a alegação absurda de que o operador estaria apto a retornar às suas atividades em 24 horas. A direção da Petrobrás avalizou a farsa e publicou no blog da empresa uma nota endossando a versão mentirosa do gerente da Reduc, onde minimiza a gravidade da ocorrência, tratando o acidente como uma “falha na válvula”.
Essa tem sido a conduta dos gestores na maioria das unidades do Sistema Petrobrás. Enquanto os trabalhadores são expostos a riscos diários, as gerências seguem subnotificando acidentes, distorcendo conceitos e normas de SMS de acordo com suas conveniências. O descaso com a saúde e segurança dos trabalhadores é tão gritante que até hoje a empresa, que deveria ser referência no cumprimento da NR-20, sequer cumpriu o prazo para implantação e adequação à norma, que venceu desde o dia 06 de março.
Na última reunião da Comissão de SMS, que ocorreu no dia 06 de junho, a FUP tornou a cobrar uma orientação rígida do SMS Corporativo, responsabilizando todos os profissionais que subnotificarem acidentes de trabalho, a começar pelo corpo médico da Petrobrás que tem sido conivente com as gerências.
Brasil é o quarto país do mundo em mortes no trabalho
Segundo levantamento do governo federal, 280 trabalhadores se acidentam a cada hora no Brasil. São cinco acidentes por minuto que resultam em uma média de dez trabalhadores mortos por dia. Números alarmantes que fazem do Brasil o quarto país do mundo em acidentes fatais no trabalho. Estudo mais atualizado da OIT aponta que anualmente dois milhões de pessoas no mundo morrem devido a enfermidades relacionadas ao trabalho e que cerca de 321 mil são vítimas fatais de acidentes de trabalho.
Os dados foram apresentados pelo coordenador de Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde, Jorge Mesquita, em audiência na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados, no último dia 03, quando foi discutida a importância da criação de normas sobre saúde do trabalhador para coibir o alto número de acidentes no Brasil.Mesquita ressaltou que as principais causas da insegurança são a banalização das ocorrências pelos empregadores e a falta de políticas de prevenção de acidentes. “A precarização nas condições de trabalho agrava os riscos. Dados do Dieese apontam que a chance de um empregado terceirizado morrer de acidente de trabalho é 5,5 vezes maior do que nos demais segmentos produtivos”, ressaltou.
FUP, com informações do Sindipetro Duque de Caxias e da Rede Brasil Atual