Apr 20, 2024

Ameaça de intervenção militar de general da ativa é para enganar desmemoriados

General da ativa Antonio Hamilton Martins Mourão admitiu uma intervenção militar como resposta ao esquema de corrupção - Créditos: Divulgação

 

A fala do general da ativa Antonio Hamilton Martins Mourão admitindo uma intervenção militar como resposta ao esquema de corrupção que domina neste momento a República, do governo ao Congresso, é realmente uma afronta, da mesma forma que o silêncio comprometedor do governo ilegítimo de Michel Temer.

Este Mourão é um falastrão, porque coloca a intervenção militar como forma de combater a corrupção. Trata-se, sem dúvida, de uma enganação, porque é uma mentira deslavada que a intervenção militar de abril de 1964, que enganou alguns setores, combateu a corrupção. O atual Mourão ganhou o apoio incondicional de figuras defensoras da longa noite escura, como o deputado Jair Bolsonaro.

Nos 21 anos de ditadura, a corrupção se fez presente, mas a censura reinante impedia que a população brasileira fosse informada sobre denúncias de fatos escabrosos, como, por exemplo, a existência de um presidente da Petrobras, como Shigeaki Ueki, que depois de todas as denúncias não investigadas, hoje ainda usufrui do que fez vivendo nos Estados Unidos, inclusive, segundo informações recentes, manejando os dividendos de uma refinaria de petróleo no Texas.

Houve também um embaixador brasileiro na França, que pelas denúncias era conhecido como embaixador dez por cento, o correspondente, segundo as denúncias, ao percentual que cobrava para dar o sinal verde para empresas entrarem no Brasil. Delfim Neto segue por aí, no momento defendendo as reformas propostas pelos golpistas de 2016.

 Outras denúncias podem ser lembradas, inclusive as que dizem respeito a obras em que houve desvios de dinheiro, como na ponte Rio Niterói. Mas tudo ficou por isso mesmo, porque quem denunciasse o que acontecia era preso, muitas vezes torturado e até assassinado. Nada foi investigado, o que dá margem aos que se locupletaram a afirmar que nada foi comprovado.  

Por essas e muitas outras denúncias de corrupção, ocorridas durante a longa noite escura de 21 anos de duração e jamais investigadas, é uma balela para enganar incautos e desmemoriados a fala do general Mourão, que por sinal tem o mesmo sobrenome daquele militar que conduziu as tropas que vieram de Juiz de Fora para o Rio deflagrando a quebra da ordem constitucional que derrubou o Presidente João Goulart.

O golpista, edição 2016, Michel Temer, segue ocupando o Palácio do Planalto e provavelmente as novas acusações que pairam sobre ele não serão investigadas, mas o seu período de governo de fato será em algum momento julgado pela história, da mesma forma que o dos generais de plantão que infelicitaram o Brasil por 21 anos.

Resta também saber como daqui mais alguns anos será a nova autocrítica, para enganar a história, pelo apoio que o jornal O Globo deu ao golpe de 2016. A de abril de 64 foi feita 50 anos depois da deflagração da quebra da ordem constitucional iniciada por Mourão. Mas 52 anos depois repetiram a dose, usando também argumentos golpistas com o apoio empresarial.   

Em tempo: qual a função que exerce Raul Jungmann. Ele é mesmo Ministro da Defesa, ou apenas cumpre missão decorativa?  O seu silêncio, pelo menos até agora, em relação ao pronunciamento do atual general da ativa,  Antonio Hamilton Martins Mourão, é sintomático.  De Michel Temer nem se fala, porque ele conta com a tutela do general Sergio Etchegoyen.  

Fonte: Brasil de Fato

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